Empresas privadas não fazem investimentos a fundo perdido, com objetivos “sociais”. A lógica do sistema capitalista determina que atuem otimizando lucros para remunerar o capital. E se alguma coisa sobrar depois de satisfeitos os acionistas e os credores, aí se pode pensar em ações simpáticas em favor da comunidade, o que sempre ajuda a melhorar a imagem da empresa.

A italiana Enel, que comprou a Celg e atualmente opera o negócio de distribuição de energia em Goiás, está com a sua imagem embaçada. Recentemente, foi objeto de uma CPI, tocada pela Assembléia Legislativa do Estado de Goiás, em que se busca esclarecer as razões da empresa vir prestando tão maus serviços à comunidade.

A reclamação tem sido geral. A constante oscilação no fornecimento de energia ( provocando sérios danos à industria e ao comércio ), as altas tarifas cobradas, as multas exorbitantes e o péssimo atendimento são os motivos de queixa que levaram à instalação da CPI.

Tamanha a insatisfação levantou até mesmo a ideia de se denunciar o contrato, ou seja, encampar a empresa, cujo serviço é prestado por concessão do poder público. E ainda não se fazem nem três anos que a a Celg foi vendida para a Enel!

Os dirigentes da empresa, inquiridos pelos deputados, afirmam que estão fazendo os investimentos necessários para melhorar a qualidade do fornecimento e expandir a rede de distribuição. Não revelaram quanto será investido. É direito deles, embora o fato de terem o monopólio do negócio não acarreta prejuízo. Assim, a sociedade terá que esperar a publicação dos balanços e dos demonstrativos contábeis nos prazos legais.

E até que se saiba em detalhes qual é o plano de investimentos da Enel, e em quanto ficará, os consumidores terão que suportar o mal serviço prestado e os prejuízos dai decorrentes.

 

Por Helvécio Cardoso