Segundo microempreendedores que tentaram buscar o empréstimo junto â GoiásFomento, resposta da agência para saber se liberação do crédito é possível ou não, leva no mínimo 20 dias_
Já sofrendo o forte impacto econômico com as medidas de isolamento social decretadas pelo governo do Estado, que entre muitas ações determinou o fechamento por 15 dias do comércio considerado não essencial, lojistas na Região da 44 reclamam que têm encontrado muitas dificuldades para contratar empréstimos em linhas de crédito emergenciais fornecidas pela Agência GoiásFomento.
Preocupado em ter um mínimo de fluxo de caixa e com a ausência de faturamento, Tarcísio Silva Mascarenhas é lojista na região e tentou levantar um empréstimo R$ 30 mil, porém ele afirma que o excesso de garantias e burocracias fez com ele desistisse. “Do jeito que eles estão fazendo, mais de 90% dos lojista aqui da região não vão conseguir ter acesso a esse crédito. Eles pedem avalistas com renda mensal que seja três vezes maior que valor da parcela, ou precisa ter imóvel quitado, e não aceitam automóvel como garantia. Conseguir um avalista já é difícil, nessas condições então”, reclama. O lojista diz também que a Agência faz consulta no SPC e Serasa , também olham SCR do Banco Central, tanto de quem contrata quanto do avalista. “Fazem esse monte de exigências para qualquer valor, de R$ 500 a R$ 50 mil”, lamenta Tarcisio.
Os lojistas que tentaram o empréstimo também afirmam que a burocracia é muito grande. “Você precisa passar por uma uma triagem, preencher e assinar uns cinco formulários, levantar vários documentos seus e dos avalistas, e mesmo quando você consegue tudo, eles dizem que o processo leva no mínimo 20 dias para se concluído. Acho que se é um crédito emergencial, eles deveriam encontrar uma forma de liberar isso com mais facilidade e rapidez”, destaca Franco Cristofare, que junto com a esposa administra três lojas na região.
Franco diz ainda que quem consegue o crédito, após passar por todas burocracia e exigências, precisa comprovar, com uso de notas fiscais, que 70% dos recursos do empréstimos foi usado para compra de insumo e maquinário. “Nesse momento estamos só adiando contas por causa da falta de faturamento, IPTU, aluguel, cartão de crédito, energia, mas essas contas virão lá na frente, então o crédito que precisamos neste momento não é para ampliar o negócio, mas para mantê-lo. Acho inclusive que parte do empréstimo deveria ser a fundo perdido, pois a maioria dos comerciantes irá demorar muito para se restabelecer”, avalia.
*Sacrifício*
Para o presidente da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44), Jairo Gomes, o governo do Estado precisa dar uma atenção especial aos pequenos empreendedores da 44. “A região foi parceira quando o governo exigiu essa grande parcela de sacrifício. Ficar 15 dias fechado pode levar muitos das micro e pequenos empresas que temos aqui à falência, por isso esperamos que o governo compense esse pequenos empreendedores de alguma forma. A grande maioria precisará recuperar o seu capital de giro para se manter funcionando, e isso precisa ser agora, até para se prevenir de um impacto ainda maior que pode haver lá na frente”, destaca Jairo.
O presidente da AER44 lembra ainda que, mesmo que as lojas reabram na semana que vem ou daqui mais 15 dias, com a provável prorrogação do decreto, o comércio na região voltará desaquecido e por isso os pequenos empreendedores da região precisaram de apoio financeiro para se restabelecer.
*Feirantes*
Jairo Gomes também destaca que outros que têm sofrido muito com as medidas de isolamento social impostas são os feirantes que atuam na Região da 44. “Comerciantes da Feira Hippie e da Feira da Madrugada já passam necessidades de até alimentação. Aliás esses micro créditos subsidiados pelo governos é importante principalmente para eles e outros pequenos lojistas da região”, alerta o líder empresarial.
Outro aspecto importante levantado por Jairo é que as medidas restritivas foram tomadas justamente numa época em que a Região da 44 começava a retomar seu movimento normal. “Depois do período de fim de ano, que de fato traz um movimento muito grande, os dois primeiros meses do ano são tradicionalmente de poucas vendas, e março seria quando o fluxo de turistas voltaria à normalidade. Quem conseguiu acumular uma boa ‘gordura’ no fim de ano já gastou nos meses de janeiro e fevereiro, para ter um mínimo de fluxo”, explica Jairo.
O presidente da AER44 afirma que já está em contato o presidente da GoiásFomento e com o próprio governador do Estado para ver o que pode ser feito. “Volto a dizer, a Região da 44 fez o seu sacrifício, e entendemos que foi necessário fazê-lo, mas precisamos que o governo também nos ampare economicamente, e desde já, para que não tenhamos a morte de milhares de pequenas empresas e perda de empregos”, afirma Jairo Gomes.
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