Em entrevista a emissoras de TVs e rádios locais nesta quarta-feira (17/03), o governador Ronaldo Caiado defendeu unidade na adoção de medidas sanitárias de combate à Covid-19, previstas em decreto estadual. “Se estamos em uma situação de calamidade, prefeito não pode, cada um, criar o seu protocolo” afirmou. O argumento é amparado em matéria julgada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, em março, que indicou a necessidade de harmonia e de coordenação entre as ações públicas dos diversos entes federativos. “Quando o estado é de calamidade, o que prevalece é uma regra única. Sem leito suficiente, não é possível ter um regramento em uma cidade e outro regramento em outra. O colapso é generalizado”, asseverou o governador. Segundo ele, “agora, a nossa campanha é salvar vidas”.
Desta forma, Caiado conclamou que os líderes municipais tenham compreensão e chamem para si a responsabilidade de conscientizar a população para importância de se acatar as medidas estabelecidas no decreto do Governo de Goiás que entrou em vigor nesta quarta-feira. “Nenhuma cidade pode querer achar que tem outro regramento, outro protocolo, que não seja aquele estipulado para todos.” O governador ainda informou que continua a atuar em sintonia com os prefeitos. Exemplificou que, na manhã desta quarta-feira (17/03) voltou a se reunir com os chefes do executivo da Região Metropolitana de Goiânia para pedir apoio.
O governador explicou ainda que, nos casos de desrespeito ao decreto estadual, caberá ao Poder Judiciário e ao Ministério Público deliberar sobre as possíveis medidas cabíveis. Ainda neste sentido, pediu também a colaboração do setor produtivo, pois diante da gravidade do momento, não deve haver espaço para “picuinhas” e “queda de braço”, mas sim seguir o que a ciência determina. “É um momento de nós deixarmos as vaidades de lado, do ponto de vista político, e principalmente termos coragem de enfrentar a pressão de alguns empresários, principalmente do presidente da Fieg [Sandro Mabel]”.
Nas entrevistas, Caiado lembrou que a rede estadual expandiu a capacidade de atendimento nesse último ano, mas que a alta demanda provocada pela segunda onda da Covid-19, e suas variantes, preocupa. “Não posso admitir amanhã que o cidadão que mora em Goiás não tenha o atendimento no momento em que estiver acometido pelo vírus”, declarou.
A ocupação cada vez mais alta da rede hospitalar pautou, inclusive, o encontro com prefeitos da Região Metropolitana de Goiânia. A ideia do governador é transformar os leitos de enfermaria em semicríticos, e utilizar Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que são estruturas municipais, para atendimento de casos menos graves. “É uma ação já antevendo uma sobrecarga”, resumiu.
Ao ser questionado sobre a aquisição de imunizantes pelo Estado, o governador pontuou que é preciso agir com responsabilidade. “As pessoas não podem mentir para a população”, disse. Foi claro ao apontar que há muita especulação, com motivação política, acerca do assunto, incitando a população a acreditar que não está havendo esforço por parte do governo, uma vez que Estados e entidades supostamente teriam adquirido doses. “Isso é uma farsa, uma mentira”, salientou. “Essa informação de que alguma pessoa comprou ou vai comprar… Você se lembra bem dos testes, dos respiradores. Isso aí está sendo usado politicamente por pessoas que querem transformar o momento num debate político-eleitoral.”
Seguiu no mesmo raciocínio ao explicar que a dificuldade de encontrar vacinas disponíveis é de âmbito internacional. “A Alemanha está processando as empresas que não estão entregando. A Itália, retendo as vacinas. Os americanos dizendo que estão restringindo ao seu próprio país 100% da produção. A Sputnik V vendeu para a Argentina e não está cumprindo o contrato”, exemplificou, ao defender que a verdade seja notificada às pessoas.
Caiado também destacou que age conforme pronunciamento do Fórum dos Governadores, em que os líderes do Executivo assinaram documento com o compromisso de direcionar todas as aquisições de vacinas para cumprir o Plano Nacional de Imunização. “Temos respeito. Não é o prefeito mais rico ou o governador mais rico. Vidas, para nós, não tem valor ponderal.”
O governador salientou que os esforços para garantir o avanço da imunização no Estado seguem em ritmo acelerado. “Vamos trabalhar para ter vacina. Mas não adianta brigar para tentar tirar benefício político numa hora que lidamos com vidas. Infelizmente, essas figurinhas que nós conhecemos bem, aparecem neste período mesmo. Mas a população vai saber julgá-las corretamente no momento também que existir nossas campanhas eleitorais”, afirmou Caiado. “É aquilo que disse e repito: não troco vida por voto, podem ter certeza disso”, completou.
Sobre o transporte coletivo na Região Metropolitana de Goiânia, o governador lembrou que o problema de a demanda ser maior que a frota já se arrasta há anos, e ganhou efeito ainda mais grave no cenário da pandemia. Isso porque trata-se de um dos ambientes com maior potencial de contaminação. Em uma das entrevistas, Caiado afirmou que solicitou, nesta semana, uma reunião junto à direção da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) e prefeitos para estabelecer medidas enérgicas. “Devemos agir de forma conjunta”, enfatizou.
Uma das estratégias é o controle de acesso aos ônibus, para que “dê prioridade ao cidadão que trabalhe nas atividades essenciais”. Paralelo a isso, o Governo de Goiás vai atuar na segurança sanitária dos passageiros a partir da distribuição de máscaras modelo N95. “Vamos sensibilizar as pessoas para que usem, principalmente quando estiverem dentro do ônibus, pois ela consegue vedar e proteger da contaminação do vírus.” Caiado informou, ainda, que solicitou às prefeituras a realização de um trabalho preventivo e de conscientização nos terminais, como mensagens via sistema de som. “Tem que ter uma ação articulada, cada um se esforçando para fazer com que as coisas aconteçam”, conclui.
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