A rotina atual de Jully Martins é bem diferente do que era há 10 meses. Com 19 anos e semblante de adolescente, hoje ela concilia a maternidade com os estudos e os afazeres domésticos. A gravidez de Jully, aos 18 anos, não foi planejada. “Senti medo e insegurança. Mas, tive a graça de ser acolhida pelo Programa Meninas de Luz e aprendi que ser mãe é receber o maior e melhor presente da vida: um filho.”
O Meninas de Luz, um programa do Governo do Estado, desenvolvido pela Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), oferece amparo a gestantes e mães em situação de vulnerabilidade social, com idade até 21 anos. Mesmo com a pandemia da Covid-19, o projeto continua a preparar adolescentes e jovens para o parto e a maternidade. Em 2020, foram atendidas, mensalmente, 179 gestantes, jovens e familiares. O apoio é garantido do pré-natal até o bebê completar um ano de vida.
Atualmente, as adolescentes e jovens grávidas são recebidas pelo serviço de Assistência Social às terças-feiras, em horário pré-agendado, o que evita riscos de contaminação pelo coronavírus. Elas ganham fraldas infantis descartáveis; banheira; farmacinha e kit de enxoval para o bebê composto por uma bolsa, um trocador, macacão manga curta sem pé, casaco com capuz, body manga curta, body manga longa, toalha de banho com capuz, manta, duas calças sem pé e dois pares de meia.
As grávidas e as jovens mães são adicionadas em grupos de WhatsApp, por meio do qual recebem orientações sobre maternidade, parto, direitos da mãe e da gestante, saúde bucal (da mãe e do bebê), primeiros socorros, amamentação e alimentação. Instruções ainda são repassadas em vídeos gravados e postados no canal do YouTube da OVG.
Com a atenção voltada para cada movimento do pequeno Bryan Lellis Ferreira, de 10 meses, Joyce Kaline Lellis, 21 anos, não pensa duas vezes quando perguntada sobre a importância de tudo o que aprendeu. “Logo nas primeiras horas do nascimento do Bryan, precisei colocar em prática o que aprendi sobre primeiros socorros. Meu bebê engasgou depois de mamar e, graças a Deus, eu soube o que fazer. Foi um momento de grande susto e de gratidão à OVG pelo conhecimento que me deu. Salvou a vida do meu filho”, diz.
A diretora-geral da OVG, Adryanna Melo Caiado, comenta que histórias como a de Joyce e seu filho são motivo de muita alegria. “O Menina de Luz significa acolhimento a vida. Cada detalhe da maternidade na adolescência é pensado e trabalhado com zelo. A nossa intenção é que as crianças nasçam e cresçam dentro de um ambiente de amor e cuidado, e com suas necessidades básicas atendidas.”
A presidente de honra da OVG e coordenadora do Gabinete de Políticas Sociais (GPS), primeira-dama Gracinha Caiado, ressalta que, ao cuidar de jovens e adolescentes grávidas e em situação de vulnerabilidade social, o governador Ronaldo Caiado cuida do futuro do Estado.
“Faço questão de acompanhar de perto o apoio que essas adolescentes recebem do Meninas de Luz. Queremos que elas sintam que não estão sozinhas, que criem vínculos de amor com seus filhos, que tenham condições de superar desafios. Desta forma, garantimos um futuro melhor não apenas para essas meninas que se tornam mães tão jovens, como também para seus filhos e toda a família”, acrescenta Gracinha Caiado.
*Reforço na alimentação*
A cada 15 dias, as mães também participam de reuniões presenciais e recebem cestas de seis quilos compostas por frutas, verduras e legumes do Banco de Alimentos da OVG. De julho do ano passado até hoje, já foram doados 1.463,9 quilos de alimentos às jovens atendidas pelo programa.
Sara Costa Campos, nutricionista voluntária do Meninas de Luz, frisa a importância da ação de entrega das cestas com hortaliças. “A gravidez na adolescência pode ser acompanhada do que chamamos de duplo anabolismo, que é a competição biológica entre mãe e feto pelos mesmos nutrientes. Essa situação traz sérios fatores de risco para a mãe, como o aumento de chances de anemia e pouco ganho de peso na gestação. Para o bebê, há perigos como baixo peso ao nascer, prematuridade, ou morte fetal.”
As mães atendidas pelo Meninas de Luz também recebem apoio psicológico que lhes ajudam a superar medos e frustrações. Em encontros quinzenais, participam de rodas de bate-papo. “Muitas adolescentes enfrentam a gravidez sozinhas, sem apoio dos companheiros ou pais das crianças. Há, ainda, a questão financeira que, muitas vezes, implica em abandono escolar”, afirma a psicóloga Cristiane Ferreira Sacconni.
Ela ainda informa que, no caso de necessidade de acompanhamento psicológico individual e presencial, as grávidas são encaminhadas para atendimento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps).
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