Uma reprodução do Palazzo Ducale, ícone da cidade de Veneza, na Itália, forma um conjunto de edificações que chama a atenção de quem circula pelo centro da cidade goiana de Nova Veneza município distante há apenas 30 km de Goiânia. A obra, é composta por uma fachada em vidro de mais de 10 metros de altura e duas faces laterais distintas, com um total de 70 metros lineares.
A inauguração acontecerá amanhã, 5 de março, às 18h, e contará com a presença de inúmeras autoridades, representantes da Embaixada Italiana no Brasil. A edificação irá abrigar a sede do Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro Oswaldo Stival & Edith.
A iniciativa é da família de Edith e Oswaldo Stival, idealizadores e criadores do Festival Italiano de Nova Veneza. O casal é descendente direto dos primeiros italianos que chegaram à região em 1912 e deram origem à colônia dos italianos.
“Meu avô nasceu na Itália e veio para o Brasil no final do século XIX. Depois de trabalhar em terras em São Paulo e Minas Gerais, juntamente com outros italianos compraram a terra aqui em Goiás, onde seria seu novo lar”, relembra Oswaldo. Ele e Edith nasceram e cresceram em Nova Veneza, onde se conheceram e se casaram.
Empresário e pecuarista, Oswaldo manteve sempre um vínculo afetivo com o município. Foi prefeito da cidade por dois mandatos e se tornou um grande benfeitor de obras sociais e culturais na cidade. Foi idealizador do Festival Italiano de Gastronomia e Cultura em Nova Veneza, que passou a atrair mais de 100 mil visitantes por ano à cidade.
O instituto é mais uma contribuição da família para tornar permanente e concreto o compromisso que têm com o resgate da história e propagação do legado cultural da Itália, afinal, Nova Veneza é hoje a maior representação da imigração italiana no Centro-Oeste Brasileiro, com mais de 60% de seus moradores sendo descendentes.
“É de extrema importância que indivíduos e comunidades estejam apropriados de sua história e origem, porque é a partir daí que construímos nossa identidade e fortalecemos nossa autoestima. Desde que idealizei o Festival Italiano nos idos anos 2000, já tinha convicção de que a força da nossa cultura poderia fortalecer muito a economia de Nova Veneza”, diz o comendador Oswaldo Stival, que dá nome ao Instituto. Ele recebeu o título de comendador direto do presidente da Itália em 2012 por conta do reconhecimento de suas relevantes obras de resgate da cultura italiana no Brasil.
A obra durou dois anos desde a concepção e execução. A concepção do projeto, direção criativa e direção executiva foram liderados por um filho e um neto do casal, respectivamente o agroindustrial Edwaldo Peixoto Stival e o médico Alessandro Stival.
Para a execução técnica, a família buscou profissionais especializados para a fiel réplica da arquitetura italiana. A arquiteta Jannani Eterna foi convidada para fazer os detalhamentos arquitetônicos, Vera Inês da Silva para a produção cenográfica e os artistas plásticos Divino Gonçalves Pereira e Marcos Antônio Lopes – este último fez carreira no desenvolvimento cenográfico de diversas escolas de samba do Rio de Janeiro.
“O edifício foi concebido para ser um atrativo turístico permanente não só pela cenografia italiana, mas também por um exclusivo e inédito show de luzes e músicas italianas, que estão previstos acontecerem semanalmente às sextas, sábados e domingos. Nos inspiramos nos espetáculos dos parques da Disney e no Show das Águas que acontece no Hotel Bellagio em Las Vegas”, adianta Edwaldo Stival, co-idealizador da obra e filho de Oswaldo Stival.
Para esta estrutura luminotécnica e de sonorização foram investidos mais de um milhão de reais, assinados por Claudston Paiva, da Garrot Eventos. “Haverá luz sincronizada com a música na duração de 10 a 15 minutos. O sistema conta com mais de 1000 metros de fitas de led em toda a estrutura, além de dezenas de ribaltas de luz que proporcionam mais de 100 combinações de cores diferentes aliados a equipamentos de última geração. Todas as janelas e a fachada vão mudar de cor e acompanhando as músicas italianas, que serão reproduzidas em alto e bom som”, explicou Claudston.
O Palazzo Ducale, situado na Piazza San Marco em Veneza, foi escolhido por ser um ícone da cidade, sendo atualmente o mais visitado pelos turistas. Sua obra começou no ano de 890 D.C. para ser sede do império veneziano, antes de ele ser incorporado à Itália. Sua arquitetura atual é do ano de 1380, combinando elementos bizantinos, góticos e renascentistas. Já as casas de Veneza que foram simuladas na obra, são uma representação da arquitetura típica das construções às margens de seus canais e todo seu romantismo. No centro do monumento cenográfico, uma vitrine inclinada que lembra a quilha de um navio, simbolizando a imigração italiana e, ao mesmo tempo, a face moderna da edificação.
O local onde foi instalado a edificação cenográfica foi dos pais de Oswaldo e, agora, doada ao Instituto. Internamente, ele abrigará um memorial, que remontará a trajetória da imigração italiana na região desde a origem no Vêneto, nordeste da Itália, até a chegada em Goiás. O memorial incluirá peças antigas de valor simbólico e histórico das duas famílias, Peixoto [Spessoto, na origem italiana] e Stival, que também as doaram para o acervo histórico. Já estão em processo de concepção e articulação também os projetos sociais e culturais que serão endereçados pelo Instituto para movimentar e potencializar a identidade e a economia de Nova Veneza e região.
“O espaço vai reforçar essa identidade e atuará para trazer investimento externo para promoção da cultura italiana, fortalecendo o turismo e o comércio local”, complementa o médico e neto de Oswaldo e Edith, Alessandro Stival, que foi vice-prefeito do município há alguns anos. “Ele será uma extensão do Festival no desenvolvimento de projetos, e uma forma de extrapolar a dependência do poder público na realização de um trabalho contínuo”, observou o médico.
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