As coberturas vacinais estão baixas em todo país e doenças que haviam sido controladas e até mesmo erradicadas no Brasil, justamente por causa das altas coberturas na vacinação no passado, estão ressurgindo e causando casos graves e risco de morte. Ainda são casos isolados de sarampo e difteria, por exemplo, mas que representam um risco iminente à saúde devido à alta transmissibilidade dessas doenças.
Diante dos dados alarmantes a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) faz um alerta para que pais ou responsáveis pelas crianças de 6 meses a menores de 5 anos procurem um posto de saúde mais próximo de suas residências onde vacinas contra sarampo e influenza estão sendo aplicadas. A Campanha de Vacinação contra a Influenza e o Sarampo prossegue até o dia 6 de junho em todos os municípios do Estado.
O Brasil recebeu o Certificado de País Livre do Sarampo, concedido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016. Dois anos depois, com a reintrodução do vírus no Brasil, o país perdeu essa certificação. Em 2019, foram registrados cinco casos em Goiás, o que restabeleceu uma cadeia de transmissão da doença após 20 anos sem circulação do vírus. Esse surto se estendeu de agosto de 2019 a março de 2020, quando foram registrados 20 casos da doença nos municípios de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Posse e Rialma.
Em 2020 e 2021, todos os casos suspeitos de sarampo notificados em Goiás fora descartados. O Ministério da Saúde considera como ideal a cobertura vacinal de, no mínimo, 95%. Em Goiás, no entanto, os índices da vacinação da tríplice viral (que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola) estão abaixo da meta desde 2017, quando chegaram a 80,99%. No ano passado, a cobertura vacinal foi de 76,92%. A Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo, que está em curso, pretende imunizar 425.748 do total de 448.156 crianças. Até a última sexta-feira (06/05), somente 62.834 crianças haviam sido imunizadas, o equivalente a 14,02%.
A difteria, que havia sido controlada, voltou a apresentar casos isolados. O último registro era de 1998. Neste ano, foi registrado uma ocorrência, em Santa Helena de Goiás. Outros quatro casos estão em investigação. Na ocasião, foram realizadas as medidas de prevenção e controle da difteria pelos profissionais de saúde da Vigilância Epidemiológica local, com monitoramento dos contatos e rastreamento de casos suspeitos. A difteria é protegida por meio da vacina pentavalente. Em 2021, a cobertura dessa vacina em crianças foi de 71,98%.
Desde o início da campanha, em 4 de abril, até sexta-feira, 52.546 crianças de 6 meses a menores de 5 anos foram vacinadas contra a Influenza, o que representa 11,7% de cobertura ideal. Sandro Rodrigues observa que a criança é suscetível à influenza devido à fragilidade do sistema imunológico. “Nos primeiros cinco anos de vida, os mecanismos de defesa do organismo ainda não estão desenvolvidos. Por isso, é fundamental a aplicação de todas as vacinas específicas às crianças previstas no Calendário Nacional de Vacinação”, reforça.
No Brasil, o último caso de poliomielite, doença conhecida como paralisia infantil, foi registrado em 1989. Em 1994, em função do êxito nas campanhas nacionais de multivacinação e das altas coberturas vacinais, a doença foi considerada erradicada no Brasil. A paralisia infantil ressurgiu em Israel e em Malalui, no sudoeste da África. Em Goiás, a cobertura vacinal da doença vem diminuindo de forma significativa há dez anos. Em 2012, o índice de cobertura vacinal foi 101%. Em 2018, caiu para 85,54%. Já em 2021 foi de 71,60%.
Diretora do Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), a médica infectologista Mônica Ribeiro Costa vincula a diminuição dos índices de cobertura das vacinas infantis ao fato de doenças graves estarem sob controle. A paralisia infantil foi erradicada, o sarampo foi eliminado, e a difteria, controlada. A infectologista destaca ainda que a baixa cobertura vacinal está relacionada à desconfiança infundada por parte da população em relação à eficácia e aos efeitos colaterais das vacinas. Ela ressalta que, além de proteger individualmente a pessoa, a vacina garante uma proteção coletiva. “Quando há elevados índices de vacinação, o vírus encontra dificuldade de circular e, aos poucos, vai desaparecendo”, assinala.
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