Candidato a senador, Wilder Morais (PL) é uma exceção na política brasileira: o empresário da área de construção civil escolhido por Jair Bolsonaro (PL) para representá-lo em Goiás na disputa ao Senado é considerado por entidades fiscalizatórias e organizações civis como político absolutamente ficha limpa.
Diferente de alguns concorrentes ao Senado por Goiás Wilder não tem sequer suspeitas, denúncias e investigações criminais e administrativas contra ele. O motivo, diz Wilder Morais, é o principal valor que aprendeu em família: “Envergadura moral herdada da mãe costureira e pai taxista, que nos ensinaram a valorizar palavra dada-palavra cumprida e a lei”.
CNBB – Entidades como a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiram nota neste mês em que requerem aos brasileiros atenção redobrada no histórico dos candidatos que disputam as eleições. No texto da entidade religiosa, por exemplo, os bispos conclamam “a população, legítima autora da Lei da Ficha Limpa, a defendê-la de toda iniciativa que vise ao seu esvaziamento”.
Para Wilder, o fato dele ter um passado “absolutamente limpo” é uma obrigação, já que todo homem público deve ter respeito junto ao povo. “Infelizmente, por ações diversas, temos visto que, a todo instante, tenta-se burlar a Lei Ficha Limpa”, diz o candidato. Wilder já foi secretário estadual de Indústria e Comércio por dois mandatos e senador da República por seis anos, sem jamais ter sido denunciando por qualquer improbidade administrativa ou ato de corrupção. Ao contrário, quando atuou no Congresso Nacional, fez questão de propor leis que endurecessem as penas dos infratores.
Wilder cita o princípio da moralidade pública, inscrito na Constituição Federal, como norte de sua conduta pública. “Jamais decepcionei os goianos. Sempre que fui chamado a representar meu Estado, agi com decência e ética. Sei bem o que diz o artigo 37 da Constituição Federal, que trata da moralidade na administração. E na administração pública, não basta fazer o que está na lei. Tem que ser também moral”, diz Wilder, engenheiro civil de profissão que não vive da política, já que antes de disputar qualquer cargo público é considerado referência nacional na área de construção civil e empreendedorismo.
Fichas sujas – Wilder alerta para os “fichas sujas” que desejam alterar a legislação, caso cheguem ao Congresso Nacional. Para o candidato, é preciso endurecer a lei e criar mecanismos impeditivos, já que existem casos em que os políticos conseguem escapar de punições e se apresentar como limpos.
Todavia, muitos que postulam o Senado Federal, diz ele, podem, na verdade, buscar legislar em causa própria e amenizar os efeitos da norma jurídica proposta pela população para impedir a proliferação de criminosos na política.
Até as eleições deste ano, a Lei Fichas Limpa ajudou a barrar 4.630 políticos nas disputas de 2016, 2018 e 2020, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O grupo dos barrados tem candidatos condenados em órgãos colegiados por crimes eleitorais ou crimes comuns graves (caso da corrupção) e gestores que tiveram contas julgadas irregulares. Quem também foi condenado por improbidade administrativa sofre o peso da lei.
A Lei Complementar 135, de 2010, foi a responsável por ampliar o rol de inelegibilidades e instituir a Ficha Limpa. Wilder acredita que é possível estudar mecanismos ainda mais rígidos e que ajudem a “limpar” as eleições de corruptos que conseguem se safar dos atuais dispositivos da lei por motivos diversos. Para ele, é necessário consulta pública e proposição de endurecimento da lei, além do estudo de formas legais para barrar quem manifestamente criminoso consegue, por exemplo, sua inocência por meio de prescrições ou flagrantes anulações de processos.
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