As mulheres estão dominando a profissão da advocacia em Goiás. De acordo com levantamento da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Goiás (OAB-GO), o estado conta com 25.378 advogadas, enquanto o número de homens na profissão chega a 23.426. No Brasil, a tendência é a mesma: há 669.328 mulheres em exercício no direito, ultrapassando a quantidade de homens exercendo a profissão é de 643.920. Essa maioria tem data para comemorar: dia 15 de dezembro foi instituído o Dia da Mulher Advogada.

A primeira advogada no mundo surgiu durante o Império Romano, segundo historiadores. Mesmo não sendo bem-vista por sua ousadia para a época, a famosa Joana D’Arc defendia suas causas com muito entusiasmo e compaixão. Não muito diferente das mulheres do mundo contemporâneo, como a brasileira Myrthes de Campos, que no fim do século 19 fez história em defender causas importantes como o voto feminino. Por causa da sua importância, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) instituiu, em 2016, o 15 de dezembro como o Dia da Mulher Advogada.

Não há barreiras que atrapalhem a determinação das advogadas.  Um exemplo é a advogada Ana Luiza Fernandes, de 27 anos, que atua nas áreas de Direito do Consumidor, Civil e Empresarial. Seu principal desafio, segundo ela, é lidar com os preconceitos em relação a idade. “Muitas vezes acreditam que eu não tenho muita experiência e optam por um profissional com mais tempo de mercado e eu acabo tendo meu trabalho desvalorizado”, explica Ana, que apesar de ser recém-chegada na profissão, ela já acumula um currículo repleto de qualificações.

Ana Luiza atua no escritório Celso Cândido de Souza Advogados (CSS Advogados), além de ser especialista em Direito Civil e Processo Civil, é assessora e consultora jurídica contenciosa e contratual no segmento empresarial. A jovem também é conciliadora do 4º Centro Judiciário de Soluções de Conflitos e Cidadania de Anapolis e membro das comissões de Direito do Consumidor, Direito Empresarial e Mulher Advogada da OAB/GO.

Com sua dedicação e bons resultados em seu trabalho, a advogada celebra seu crescimento profissional e vê a cada dia as barreiras serem superadas. Ana Luiza ressalta que as maiores conquistas são quando seu trabalho é efetuado com sucesso. “Considero minhas maiores conquistas quando conseguimos uma decisão justa e efetiva com os processos”, comemora.

Qualificação

A advogada Mariane Stival carrega uma bagagem profissional de 19 anos dentro do Direito. Hoje doutora em Direito Internacional, tendo feito especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado na área, lembra que durante essa trajetória, vivenciou e observou muitos desafios por ser mulher na profissão. “No início da nossa carreira passamos pela situação da ‘falta de experiência’, da falsa e absurda visão de fragilidade por ser mulher. Já vi situações em que advogadas ganhavam menos que advogados, mesmo com a mesma função. E, infelizmente, situações de assédio, comentários constrangedores”, relembra.

Mas o aperfeiçoamento profissional constante e a luta diária fizeram Mariane se tornar a primeira goiana a integrar a Sociedade Brasileira de Direito Internacional, além de professora e pesquisadora da área. “Consegui concluir um doutorado no Brasil e no exterior na melhor universidade do mundo em minha área de atuação, que é o Direito Internacional. Passei por vários escritórios e com muitos anos de dedicação e foco, adquiri o mais importante na relação advogada e cliente: confiança e valorização do meu trabalho. Hoje, coordeno o departamento de Direito Internacional e Família de um grande escritório, Celso Cândido de Souza Advogados. Tenho clientes no Brasil e muitos clientes fora do país. Essa construção, crescimento e confiança dos meus clientes são valiosos para mim”, celebra vitoriosa.

Cenário da advocacia

Em geral, o direito do Brasil segue em constante crescimento, o que gera grandes desafios e oportunidades para os profissionais da área. Para Ana Luiza Fernandes, a morosidade do Poder Judiciário e os custos dos processos que, muitas vezes, são incompatíveis com a renda dos clientes, precisam mudar. Sobre o mercado de trabalho, ela vê o segmento  amplo e repleto de oportunidades para as operadoras de Direito. “Estamos em ascensão, há muitas oportunidades, tanto para advogar quanto para quem deseja realizar concursos.”

Já Mariane Stival vê o cenário ainda escasso em relação à representatividade feminina.  “A OAB tem atuado de forma efetiva nas políticas de valorização da mulher advogada, mas ainda precisamos avançar. Por exemplo, a maternidade da advogada ainda é considerada como um problema por muitas pessoas. Temos que buscar nosso constante aperfeiçoamento e acreditar mais no nosso potencial como advogadas empreendedoras e continuar lutando pela igualdade no mercado de trabalh

Mariane acredita que o investimento em áreas do Direito em que não há participação massiva das mulheres pode ajudar na ingressão das mulheres na advocacia. “Temos que encontrar nichos que ainda não há tantos profissionais, como o Direito Digital, Direito Internacional, Direito Reprodutivo, Comércio Exterior, Compliance Jurídico. São áreas novas que precisam de profissionais. Temos que nos especializar nessas áreas”, orienta Stival.