A morte do 3º sargento Welton da Silva Viega baleado por agentes da Polícia Civil na manhã desta sexta-feira, 27, na cidade de Anápolis, desencadeou uma onda de protesto na Polícia Militar, inclusive  com ameaças de retaliação, e expõe a crise entre os comandos das duas corporações capitaneadas de um lado pelo coronel Renato Brum dos Santos (PM) Secretário de Segurança Pública e do outro por  Alexandre Pinto Lourenço, Delegado-Geral da Polícia Civil.


É visível a falta de integração entre as duas instituições: Alexandre Lourenço é  considerado remanescente do grupo do ex-secretário Rodney Miranda que deixou o cargo na SSP-GO, para disputar mandato de deputado federal pelos Republicanos obtendo votação considerada pífia ( 4.869 votos). O comando da Secretaria de Segurança Pública é do  coronel Renato Brum, que recebeu convite do governador para permanecer à frente da Secretaria neste novo mandato de Caiado.


Brum gostaria de ver na Delegacia Geral da PC, o delegado André Ganga  (GT3), grupo tático considerado elite da Polícia Civil. Ganga é considerado extremamente técnico e bem avaliado pelas duas polícias. Segundo consta, toda articulação ocorre à deriva de Lourenço, cujo grupo é acusado de tentar desarticular o nome do coronel Brum e trazer de volta o ex-delegado da polícia federal Rodney Miranda. Brum também trabalha com a perspectiva de entregar  o comando do PC para o Subsecretário da SSP-GO, Deusny Aparecido Silva Filho.

Na tentativa de mostrar serviço, Alexandre Lourenço tentou uma cartada ousada: desencadeou na surdina a Operação Sinusal, um dia após o governador Ronaldo Caiado reunir a polícia goiana para um balanço,  onde índices apresentados demonstraram diminuição na criminalidade. A PC prendeu, sob alegação de “indícios” Daniel Alexandrino, irmão do deputado federal e ex-secretário de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, pegando de surpresa o secretário de Segurança Pública e o próprio governador,  atingidos em cheio pela operação e seus desdobramentos.

A paz pode e deve ser selada desde que se imponha o  respeito a divisão constitucional das funções de uma PM preventiva e uma PC repressiva, observando a lógica de cada um no seu quadrado.