A mamoplastia de aumento, cirurgia de colocação de implantes de silicone nos seios, é a segunda cirurgia estética mais realizada no Brasil, com uma média 200 mil procedimentos por ano, atrás somente da lipoaspiração. No entanto, dados recentes da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS) mostram que, de 2016 a 2020, houve um aumento de 33% nas cirurgias para a retirada dos implantes.

As atrizes Manu Gavassi, Carolina Dieckmann e Fiorella Mattheis são algumas das pacientes que já passaram pelo processo de retirada de próteses de silicone. E mais recentemente, a atriz goiana Ana Clara Paim também passou pelo processo cirúrgico.

O explante, como é chamado o procedimento de remoção das próteses, pode ser indicado em casos de doenças relacionadas ao implante, reações que podem ocorrer e questões estéticas, como tem sido observado por especialistas na maioria dos casos. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) mostram que, de 2014 até 2015, o número de intervenções para a troca de um silicone grande por um modelo menor ou mais natural cresceu 15% só no Brasil.

Segundo o cirurgião plástico Hugo Santos, a Síndrome ASIA, sigla em inglês que significa Síndrome Autoimune Induzida por Coadjuvante, é uma condição rara e relacionada a pessoas com predisposição e que pode surgir após a colocação do implante. Hugo faz o alerta para as diferenças entre a Síndrome ASIA e a “Doença do Silicone”, termo muito utilizado por pessoas que fizeram o implante para definir uma série de sintomas que, segundo elas, estariam relacionados às próteses. No entanto, de acordo com o especialista, a Doença do Silicone não possui comprovação científica e não é reconhecida pela comunidade médica, pois não há relação entre os sintomas apresentados e a prótese mamária.

“A ASIA Síndrome está associada a sintomas inespecíficos e que pertencem ao grupo de doenças reumáticas. Geralmente acometem pacientes com predisposição genética para isso. Mas quando aparecem vários sintomas, pedimos o apoio de um reumatologista para verificar se o caso está relacionado a alguma doença específica”, explica o cirurgião. Para saber se há predisposição para desenvolvimento da enfermidade, é feita uma pesquisa no histórico da paciente que irá mostrar se ela deve ou não realizar o procedimento.

Conforme explica Hugo, a realização da cirurgia de explante dura, em média, 30 minutos. O procedimento utiliza, se necessário, a mesma incisão feita na colocação do implante para a remoção da prótese. Para a realização, pode ser usada anestesia com sedação, peridural ou geral. A primeira utiliza medicamentos na paciente para que ela fique mais relaxada ao longo do procedimento, enquanto a segunda bloqueia a dor de apenas uma região do corpo e não deixa todo corpo inconsciente.

“Se a paciente quiser realizar a correção imediata da flacidez da mama, pode ser feita a mastopexia. Nesses casos, o processo pode se estender por até três horas. Mas, no geral, a recuperação é simples e a paciente logo pode voltar às atividades normalmente”, esclarece o médico. Desse modo, o pós-operatório de um explante de silicone irá depender dos procedimentos realizados em cada caso. “Às vezes, a mesma paciente que faz um explante, faz um implante na sequência, porque deseja apenas trocar o tamanho do implante”, exemplifica Hugo Santos.

No geral, as recomendações médicas para o pós-operatório do procedimento de explante incluem tomar a medicação indicada nos horários certos, repouso de 24 a 48 horas e manter o acompanhamento médico para avaliar a evolução. Em cerca de sete dias os pacientes já podem ser liberados para realização de atividades físicas mais leves, como caminhada, além de aeróbicas e anaeróbicas, mas com restrições.