Cineasta, fotografa e pesquisadora, a artista goiana Rosa Berardo abre hoje, 29, no Memorial Iris Rezende (Casa de Vidro) a exposição fotográfica “Alternidade: representações e abastrações”. São 40 fotografias, com curadoria de Antônio da Mata, uma retrospectiva de registros inéditos realizados no período de 1985 a 1992, com etnias dos povos do Alto Xingu.
A mostra traz imagens feitas com película em preto e branco, e fotografias atuais, com o uso de câmera digital. O objetivo é mostrar para a sociedade o quanto os povos xinguanos, principalmente os Kamayurá, lutam para manter a cultura. O acervo é composto de fotografias do período em que Rosa Berardo trabalhava como fotógrafa dos indígenas.
Rosa Berardo conta que durante seis anos viajou anualmente para as aldeias do Parque Nacional do Xingu. “Muitas imagens se perderam devido ao tempo e a má conservação. Outras foram restauradas e estão na exposição. Depois de 38 anos sem voltar às aldeias, lá retornei, em 2021, a convite do povo Kamayurá, para registrar o ritual Kuarup, que foi uma homenagem aos mortos pela Covid-19”, explica a fotógrafa.
“A minha expectativa é de que as pessoas valorizem a importância das culturas e etnias, que estão no território brasileiro. Espero que possamos olhar para as nossas origens e valorizar esses grupos étnicos. Eles têm um árduo trabalho para preservar a sua identidade”, enfatiza Rosa Berardo.
Alteridade, que dá título à mostra, é um conceito filosófico que se refere à capacidade de reconhecer e respeitar a diferença e a diversidade do outro. Essa ideia está relacionada à compreensão de que cada indivíduo possui uma perspectiva única, valores, crenças e experiências que o diferenciam dos demais.
Implica em reconhecer a existência e a validade das diferenças culturais, étnicas, sociais, religiosas, políticas e individuais. Esse conceito é relevante em diversas áreas, como filosofia, ética, antropologia, sociologia e relações humanas.
A fotógrafa e cineasta Rosa Berardo é professora titular da Universidade Federal de Goiás (UFG), no Departamento de Artes Visuais. Fotografou o Xingu, no período de 1985 a 1992, a convite de comunidades locais. Voltou ao Parque Nacional apenas em 2021, quando fotografou e filmou o ritual sagrado Kuarup, feito em homenagem aos mortos pela Covid-19, na aldeia Kamayura.
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