Desenvolvida no Brasil desde os anos 1980, a agrofloresta vem ganhando cada vez mais a adesão dos especialistas ambientais na hora de se fazer recuperação de áreas degradadas. Ela combina espécies arbóreas com alimentícias, o que gera produção de alimentos enquanto as árvores crescem.
No sábado, 18 de agosto, Aparecida de Goiânia ganhará a sua primeira agrofloresta, bem na Avenida São Paulo, onde está sendo desenvolvido o condomínio horizontal Parqville Figueira.
O diretor da CINQ Desenvolvimento Imobiliário, Eduardo Oliveira, explica que a agrofloresta foi incluída no projeto após os projetistas da empresa descobrirem dois olhos d’água até então desconhecidos durante suas prospecções técnicas e ambientais dentro da área. “Fomos nós quem informamos aos órgãos ambientais de sua existência”, conta. Na prática, esta decisão resultaria em diminuir a quantidade de lotes a serem vendidos, pois uma nascente precisa de um raio de 100 metros de área de preservação.
“Uma destas nascentes estava em uma área totalmente degradada no meio do condomínio, mas entendemos seu valor ambiental para todo o ecossistema. E as pessoas querem viver mais perto da natureza, mesmo estando dentro da cidade ”, comenta Eduardo. A agrofloresta foi escolhida como técnica de reflorestamento. De acordo com especialistas, a mistura das espécies é a melhor forma de promover o desenvolvimento natural de uma floresta. “Em simbiose, as espécies se desenvolvem com a biodiversidade contribuindo para o enriquecimento do solo. Além disso, gera a produção de alimentos, entre outros benefícios”, complementa o biólogo e mestre em ecologia, Murilo Arantes, responsável técnico pela agrofloresta.
O plantio mistura árvores frutíferas e de grande porte em conjunto com hortaliças, mandioca, pimenta, tomate, banana, alfaces, rúculas, agrião, cenouras, beterrabas, couve-flor, brócolis, couves, e outras que precisam de receber sol, enquanto as espécies arbóreas são pequenas. Nas fases seguintes, as espécies alimentares serão as frutíferas e culturas de meia sombra que se desenvolvem bem sob as árvores que crescem.
A previsão é que o plantio da agrofloresta siga até o final de setembro com o plantio de 2700 mudas em uma área de 2,4 hectares. Depois entra a fase de manutenção e produção de alimentos. As primeiras serão as hortaliças, mandioca, banana, entre outras que precisam de receber mais sol. “Quando o condomínio ficar pronto, a agrofloresta continuará produzindo. O que mudará é o tipo de alimento, pois as espécies vão se alterando na medida em que a copa das árvores aumenta”, explica Murilo.
O condomínio, que terá uma infraestrutura completa de lazer e acessibilidade, receberá 295 famílias. Além de contar com a agrofloresta, terá também a primeira fazenda urbana, ideia inspirada nos projetos norte-americanos visitados em uma missão técnica realizada pela CINQ em 2018, nos estados da Flórida, Geórgia, Alabama e Carolina do Sul. Ela terá capacidade de produção de 100 cestas por semana, com 10 itens cada. Isso equivale a 1.000 itens (pés de hortaliças) semanais e 4.000 que poderão ser colhidos mensalmente.
Mais do que uma horta a um passo do quintal, a fazenda urbana gera benefícios como alimentação natural, sustentabilidade, autogestão, inclusão social e uma vida comunitária próspera. “O cultivo alimentar próximo de quem vai consumir, elimina a necessidade de transporte, e consequentemente a emissão de carbono pelos veículos, o desperdício gerado na distribuição, diminui os custos de produção”, diz Eduardo Oliveira, que acredita ser o projeto uma contribuição para consolidar uma nova mentalidade no desenvolvimento urbano, em consonância com as diretrizes ambientais da ONU.
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