Pé na grama, mãos sujas de terra, escaladas em árvores, correr ao ar livre, sol e vento no rosto: infância raiz é isso. Ou pelo menos era, já que o contato dos pequenos com a natureza tem sido cada vez menor, devido ao ambiente de insegurança dos grandes centros urbanos e à enorme exposição deles às telas de celulares e computadores. Um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revela que 80% dos brasileiros vivem em grandes metrópoles, e as crianças que residem nestes centros urbanos passam 90% do tempo dentro de casa.
Reverter essa cultura de uma infância enclausurada é necessário e pode ser feito a partir de iniciativas simples como a que foi realizada no condomínio Parqville Figueira, na Avenida São Paulo, em Aparecida de Goiânia. A CINQ Desenvolvimento Imobiliário, empresa responsável pelo empreendimento, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Aparecida de Goiânia, recebeu cerca de 100 crianças das redes pública e privada de ensino da cidade, que realizaram o plantio de mudas da primeira agrofloresta urbana da região metropolitana de Goiânia. A ação, que visa estimular o contato dos pequenos com a natureza, contou com a presença do biólogo agroflorestor, Murilo Arantes, responsável técnico pela agrofloresta, que orientou as crianças durante o plantio.
Conforme explica o diretor da empresa, Eduardo Oliveira, a ação com os estudantes visa chamar a atenção de toda a sociedade para uma nova visão social e ambiental. “O nosso objetivo é incentivar toda a sociedade, especialmente as crianças, a desenvolverem um olhar mais cuidadoso e curioso com o meio ambiente”, pontua o incorporador. Durante a ocasião, a criançada ainda degustou um café da manhã especial.
Para a secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade do município, Valéria Pettersen, além dos benefícios que o momento de imersão com a natureza traz para a criançada, como maior entendimento acerca da importância das árvores para o nosso planeta, a iniciativa representa também um marco para a comunidade aparecidense. “Através do plantio das árvores, as crianças estão deixando a marca delas aqui. Daqui três, cinco, dez anos, os frutos desta ação serão colhidos, trazendo assim, benefícios para toda a sociedade e meio ambiente”, destaca.
A agrofloresta, que mistura árvores frutíferas e de grande porte em conjunto com hortaliças, mandioca, pimenta, tomate, banana, alfaces, rúculas, agrião, cenouras, beterrabas, couve-flor, brócolis e couves, segue até o final de setembro com o plantio de 2700 mudas em uma área de 2,4 hectares. Para a secretária do Governo da cidade, Dra., Pollyana Borges, trazer esse tipo de memória afetiva para as crianças repercute, diretamente, no desenvolvimento da cidade. “As crianças são curiosas, gostam de aprender, de ensinar. Então ensiná-las sobre o papel que a natureza desempenha em nossa vida e cidade ainda na infância promove, com toda certeza, uma conscientização que será levada por toda a vida”, salienta.
Eduardo conta que a técnica de reflorestamento foi incluída no projeto após a descoberta de dois olhos d’água (nascentes), que não foram detectados durante os trabalhos de prospecção técnicas e ambientais dentro da área do empreendimento. O diretor relata que assim que as duas nascentes foram detectadas, a empresa informou aos órgãos ambientais. “Uma destas nascentes estava em uma área totalmente degradada no meio do condomínio, mas entendemos seu valor ambiental para todo o ecossistema”, informa.
Por unir espécies arbóreas e alimentícias, a agrofloresta do Parqville Figueira traz não apenas a cobertura vegetal, como também produção de alimentos, que serão consumidas pelos colaboradores durante as obras do condomínio, e posteriormente pelos moradores.
Parqville Figueira – O condomínio, que terá uma infraestrutura completa de lazer e acessibilidade, receberá 295 famílias. Além de contar com a agrofloresta, terá também a primeira fazenda urbana, ideia inspirada nos projetos norte-americanos visitados em uma missão técnica realizada pela CINQ em 2018, nos estados da Flórida, Geórgia, Alabama e Carolina do Sul. Ela terá capacidade de produção de 100 cestas por semana, com 10 itens cada. Isso equivale a 1.000 itens (pés de hortaliças) semanais e 4.000 que poderão ser colhidos mensalmente.
Mais do que uma horta a um passo do quintal, a fazenda urbana gera benefícios como alimentação natural, sustentabilidade, autogestão, inclusão social e uma vida comunitária próspera. “O cultivo alimentar próximo de quem vai consumir, elimina a necessidade de transporte, e consequentemente a emissão de carbono pelos veículos, o desperdício gerado na distribuição, diminui os custos de produção”, diz Eduardo Oliveira, que acredita ser o projeto uma contribuição para consolidar uma nova mentalidade no desenvolvimento urbano, em consonância com as diretrizes ambientais da ONU.
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