Levantamento inédito do Grupo Fleury, aponta uma enorme incidência de câncer de mama em mulheres jovens. De acordo com o estudo, 37% das diagnosticadas com a doença têm menos de 50 anos e 10% são mulheres abaixo de 40 anos. Índices parecidos aos divulgados por outras instituições nacionais como da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a qual mostra que desde 2020 a incidência da doença passou de 2% para 5% em mulheres com menos de 35 anos. Neste Outubro Rosa, mês que alerta para o câncer de mama, é bom que as mais jovens também estejam atentas.
A mastologista Rafaela Cecílio Sahium, do centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, explica que independente da idade, os sintomas da doença são os mesmos. “Contudo, na mulher jovem geralmente o câncer de mama se apresenta de forma mais avançada, uma vez que a biologia molecular e as características do tumor são mais agressivas. Os principais sintomas são nódulo palpável (80%), inchaço de toda mama ou parte da mama mesmo sem sentir nódulo, espessamento ou retração da pele ou do mamilo, saída de secreção sanguinolenta ou em água de rocha, edema cutâneo, irritação ou abaulamento de uma parte da mama, linfonodos aumentados e inversão do mamilo”.
No geral, a especialista ressalta que o rastreamento do câncer de mama inicia aos 40 anos com a mamografia, mas para alguns grupos de risco ele pode começar antes. “Engloba as mulheres portadores de mutação genética, histórico familiar de parente de 1º grau com câncer de mama, histórico pessoal de câncer de mama antes dos 40 anos, histórico de radiação da parede torácica e abdominal antes dos 30 anos, mamas densas, histórico de lesões atípicas diagnosticadas antes dos 40 anos, entre outros”.
A médica salienta ainda que o tratamento também se diferencia de acordo com a idade da paciente, mas que fatores como a agressividade biológica tumoral, a toxicidade a longo prazo e as preferências da paciente são analisadas na hora de definir a forma de se tratar a doença. “O tratamento do câncer de mama é multidisciplinar e compreende cirurgia, terapia sistêmica adjuvante ou neoadjuvante, radioterapia, imunoterapia. A terapia requer eficácia máxima com efeitos indesejáveis mínimos para garantir uma boa qualidade de vida aos pacientes. Nas pacientes jovens, as questões psico-sociais tais como preservação da fertilização, planejamento familiar, reintegração profissional e investigação genética devem ser levadas em consideração”.
Rafaela Sahium cita ainda as formas de se prevenir a doença. “Existem muitas evidências que mostram a influência do estilo de vida e dos fatores ambientais no desenvolvimento do câncer da glândula mamária como alimentação rica em gorduras, consumo de álcool, falta de exercício físico e cuja eliminação (prevenção primária) pode contribuir para a diminuição da morbilidade e mortalidade. Além disso, há ainda a prevenção secundária, que compreende o exame de diagnóstico (mamografia, ultrassonografia, ressonância magnética, autoexame das mamas) que auxilia na detecção precoce de tumores ou lesões predisponentes a tumores”, explica.
Algumas mulheres optam por fazer a mastectomia, que é a retirada do seio, como forma de prevenção ao câncer, mas a mastologista ressalta que isso requer exames detalhados. “Antes de tomar uma decisão desta, a mulher deve realizar um aconselhamento genético, ou seja, passar por um processo pelo qual se fornece informação a respeito de uma condição genética que possa afetar este indivíduo e/ou seus descendentes. A retirada das mamas não depende apenas do histórico familiar, pois às vezes a mulher tem uma história familiar muito rica e o teste genético é negativo, e a literatura não recomenda. Então a depender do teste genético na presença de uma variante patogênica de alta penetrância, se analisa a mastectomia redutora de risco. A principal indicação de mastectomia profilática é quando a mulher é portadora da mutação de genes de alta penetrância para câncer de mama e que não tiveram a doença, pois isso diminui a taxa de mortalidade”.
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