A lista dos filmes selecionados para a 25ª edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica) foi divulgada nesta segunda-feira (22/4). Foram 42 produções que passaram por curadoria e comissões de seleção especializadas e concorrerão em uma das quatro mostras competitivas. A lista com todos os filmes selecionados está disponível no site oficial. O festival acontece entre os dias 11 e 16 de junho, na cidade de Goiás.

 

No total, foram 1.019 inscritos de 77 países interessados em participar das quatro mostras competitivas: Mostra Washington Novaes, Mostra de Cinema Indígena e Povos Tradicionais, Mostra do Cinema Goiano e Mostra Becos da Minha Terra, específica para produtores audiovisuais da cidade de Goiás. O número representa praticamente o dobro de inscrições da edição anterior. O festival vai destinar premiações que variam de R$ 5 mil a R$ 35 mil, além de troféus e menções honrosas.

 

O diretor de programação do festival, Pedro Novaes, considera a visibilidade do festival e o propósito ao qual ele se propõe como impulsionadores desse aumento significativo de inscritos: “Acho que são três coisas: a recuperação da imagem do Fica como um festival extremamente relevante, o fato da questão ambiental estar no centro do debate político e, ainda, o uso de uma nova plataforma para as inscrições, a Film Freeway, onde já estão centenas de outros festivais internacionais importantes”, avalia.

 

Foram 14 filmes selecionados para a Mostra Washington Novaes, 9 para a do Cinema Goiano, 10 produções ficaram com a Becos da Minha Terra e 9 filmes foram escolhidos para compor a Mostra de Cinema Indígena e Povos Tradicionais. No total, foram 12 longas-metragens e 31 curtas ou médias metragens.

 

Dos 1.019 filmes inscritos, 459 são brasileiros, 560 estrangeiros e 121 goianos. Depois do Brasil, os países com maior representação foram Irã, Índia e Estados Unidos. Já os estados de São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro e Minas Gerais formam o ranking brasileiro.

 

 

As comissões responsáveis pela avaliação do material audiovisual são formadas por profissionais com notória experiência e conhecimentos na área e, em sua maioria, estão compostas por membros escolhidos a partir de chamada pública, contando também com indicações da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e do Conselho Estadual de Cultura do Estado de Goiás.

 

O Fica 2024 traz uma vasta programação gratuita, com mostras competitivas, debates com grandes nomes do cinema nacional e internacional, atividades de cunho ambiental e atrações culturais. A 25ª edição do festival é uma realização do Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), em correalização com a Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio da Fundação Rádio e Televisão Educativa (RTVE).

 

Filmes selecionados

MOSTRA WASHINGTON NOVAES

Longa-Metragens

1 – De Longe Toda Serra é Azul – O indigenista Fernando Schiavini revisita lugares e aldeias por onde passou na década de 70, época em que pouco se conhecia sobre o “Brasil profundo”. A história do indigenismo brasileiro narrada por quem a viveu e ajudou a escrevê-la a partir da linguagem da solidariedade.

 

2 – Itu Ninu – No futuro não tão distante de 2084, Ángel encontra-se preso como um migrante climático numa cidade inteligente não especificada, sob vigilância constante. Em meio a uma existência sombria e opressiva, Ángel ganha a vida cultivando plantas, preservando a sabedoria murcha das sementes. Nessa paisagem desolada, ele cruza o caminho de Sofia, outra migrante climática que trabalha numa instalação de reciclagem.

O destino entrelaça suas vidas quando um encontro casual revela uma conexão inesperada: uma linguagem compartilhada. Alimentando o desejo de Ángel por conexão humana e um vislumbre de esperança, ele estende a mão para Sofia. Ciente do onipresente monitoramento digital, Ángel decide comunicar-se com ela através do meio atemporal da caneta e do papel, promovendo um vínculo íntimo e clandestino. À medida que a sua correspondência secreta se desenrola, cresce uma amizade entre Ángel e Sofia, assim como o seu desejo de libertação do controle excessivo.

3 – Línguas da Floresta – Línguas da Floresta faz uma imersão na diversidade cultural amazônica através da história, das vivências e contradições de homens e mulheres que se dedicaram ao estudo das línguas dos povos originários dessa imensa região do planeta. O filme destaca a experiência acumulada no Alto Rio Negro, principalmente no município de São Gabriel da Cachoeira.

Além dos seus mais de 100 mil km2, o município possui uma das maiores concentrações de idiomas do planeta: são 18 etnias se comunicando por meio de quatro grandes famílias linguísticas ramificadas em duas dezenas de idiomas, como seu grande rio que vem esgalhado desde as remotas cabeceiras, abrindo caminhos numa floresta grandiosa e diversa. Se no começo foram os colonizadores e comerciantes que lá aportaram procurando compreender as línguas faladas no Alto Rio Negro para poder explorar o trabalho indígena, as missões católicas e evangélicas que seguiram tinham apenas a catequese como objetivo final, mesmo à custa do desaparecimento da cultura de muitos desses povos.

Nessa região, podemos experienciar a história da colonização do Brasil. Na chegada dos colonizadores, viviam nessas terras 1.500 nações linguísticas, hoje, sobraram em torno de 150 línguas indígenas faladas no território Brasil. O filme mostra a herança Guarani da grande São Paulo, as pesquisas do Museu Goeldi, as trágicas perdas com o incêndio do Museu Nacional, a importante iniciativa da construção do Museu do Índio, hoje Museu dos Povos Indígenas, na então capital do Brasil. Línguas da Floresta homenageia o importante trabalho dos linguistas e instituições que se dedicam a estudar e proteger esse importante patrimônio humano, nossa língua, base de nossa identidade.

4 – Los Dias que Vivimos – Depois de um mês de atividade que deixou milhares de evacuados e centenas de casas destruídas, os habitantes do Vale do Aridane (La Palma, Ilhas Canárias) tentam conviver com um vulcão que continua o seu avanço destrutivo e cujo fim não parece próximo. À medida que a lava esculpe uma nova paisagem, também transforma os seus habitantes, virando as suas vidas de cabeça para baixo e depois reconstruindo-as das cinzas. Jornalistas, serviços de emergência, cientistas, turistas e vizinhos reúnem-se em infinitos cenários e situações do cotidiano. As suas histórias retratam um tempo e um espaço inusitados onde a natureza colocou aos seus pés humanos que olham incertos para o seu futuro e tentam recuperar o seu lugar no mundo.

5 – Não Haverá mais História sem Nós – Submersos no mar de greenwashing que os afoga diariamente, dois realizadores amazônicos resolvem denunciar, nesse manifesto em filme, as entranhas do histórico processo de invenção e exploração da floresta como um jardim do éden inesgotável. Entre Munique e Belém, eles revelam como o racismo e o preconceito, do Brasil e do mundo, até hoje se organizam na ideia do “vazio demográfico”, selvagem e incapaz de falar por si.

 

6 – Utopia Tropical – Utopia Tropical é um documentário que convida à reflexão sobre as questões políticas, sociais e econômicas que moldaram a América Latina. Por vezes tratados como ocupantes algo indisciplinados do quintal norte-americano, os povos da América Latina e particularmente do Brasil têm aqui sua proposta civilizacional e sua luta de independência contadas pelo linguista e analista político norte-americano Noam Chomsky e pelo diplomata brasileiro Celso Amorim. Ao mesmo tempo, personagens, testemunhas e analistas de quase um século de história, Chomsky e Amorim jogam luz sobre acontecimentos chave dessa caminhada e buscam as frestas que apontam para uma América Latina mais justa e plural. “A história não se repete, mas às vezes rima”, Mark Twain.

Curtas e Médias-Metragens

1- Bibiru: Kaikuxi Panena – A história de Bibiru, um kaikuxi (cachorro) que ficou panena, sem sorte na caçada, e a tentativa de cura do seu dono Waranaré Wayana, para voltarem a caçar juntos. Numa intensa caçada, jovens aprendem sobre a origem dos cachorros ancestrais e os cuidados que devem continuar tomando ao caçar em seu território. Reflexões indígenas sobre as relações entre humanos e não-humanos ajudam a iluminar as próprias interações que os não-indígenas estabelecem com os animais dos quais se alimentam. Todas as imagens foram realizadas por jovens Wayana e Apalai, que aprendiam a filmar pela primeira vez na aldeia Bona (PA).

2 – Big Bang Henda – Derrubar estátuas e símbolos, construir novas memórias, enquadrar a paisagem destruída, escrever cartas ao futuro, inverter dinâmicas de poder: Big Bang Henda é um documentário-poesia-manifesto sobre a obra do artista angolano Kiluanji Kia Henda. Ele nos leva numa viagem através das suas criações e reflexões, que estão na vanguarda do pensamento anticolonial, instando-nos a considerar como as gerações que cresceram durante ou após a guerra reinterpretam esse acontecimento.

3 – Consumidos – Lázaro anseia pelo prazer de comer num futuro onde a comida é um artigo de luxo e a maioria da população se alimenta de comprimidos.

4 – Floresta – Um Jardim que a Gente Cultiva – O que tem a ver a vida das cidades com a vida dos indígenas? A luta pelo território é uma luta ultrapassada? É uma luta primitiva? É uma luta para voltar ao passado? Floresta – Um Jardim que a Gente Cultiva revela um novo olhar sobre as relações entre floresta e povos indígenas e seu papel fundamental no combate à crise climática para a garantia da nossa própria existência.

5 – Juvana de Xakriabá –  Em Juvana de Xakriabá, mergulhamos no Acampamento Terra Livre de 2019, onde Juvana, uma jovem estudante indígena, entrevista mulheres guerreiras de diferentes etnias, revelando histórias de luta, resistência e esperança. As narrativas destacam a importância da preservação das tradições ancestrais e a força das mulheres indígenas na defesa de seus territórios e na promoção da justiça ambiental. O curta celebra a resiliência das comunidades indígenas e destaca o papel fundamental das mulheres nessa luta.

6 – Little Baluches –  ShirAbad é um bairro no subúrbio da cidade de Zahedan, na província de Sistão-Baluchistão, no Irã, onde a população espera um futuro melhor, apesar de suas privações. Neste filme, tentamos retratar crianças cujos corações batem por um futuro brilhante…

7 – Madruga Bikes – Claudiomar Felipe, também conhecido como Madruga, é inventor e customizador de bicicletas e atualmente está reformando e reformando seu projeto mais antigo.

 

8 – The Water Manifesto: Osun (Water for Gold)- Este documentário expositivo investiga o mundo da mineração não regulamentada de ouro no estado de Osun, que causou a poluição do rio Osun e afetou o meio ambiente e os meios de subsistência de milhões de pessoas. Esta é uma jornada para descobrir todo um ecossistema de ganância e corrupção que coloca as gerações futuras em risco.

 

MOSTRA BECOS DA MINHA TERRA

1 – Bdeery -O documentário acompanha a trajetória estudantil em uma universidade pública de uma estudante indígena Karajá na busca por conhecimento fora da aldeia. Busca refletir os desafios enfrentados por essa estudante em se manter na universidade e morar longe de sua aldeia e sua família. Sendo essa a realidade de muitos estudantes indígenas Brasil afora.

2 – chuva – este filme não é meu – Composto por imagens e sons coletados na internet e ressignificados no processo de montagem, este ensaio poético-visual parte do itan “Obaluaiê tem as feridas transformadas em pipoca por Iansã”. Nessa reverência às iyabás Iansã, Nanã e Iemanjá, a potência de suas características e ritmos dão ensejo à uma reflexão sobre transformação, encantamento e movimentos cíclicos.

3 – Filme Método – Filme Método consistiu na produção de dispositivos pedagógicos que evocaram questões entre as relações entre cinema e educação com práticas aplicáveis de realização de formas de oficinas técnicas e teóricas com a turma do 9º ano, relacionando assim, através da memória, identidade e território, partindo pela história da professora Terezinha de Jesus Rocha, nomeada pelo reconhecimento do seu trabalho pedagógico em seus anos de vida na escola da Buenolândia.

4 – Nóia – Por mais que se corra, há coisas nessa vida que não se pode escapar. Uma simples caminhada pode se transformar em uma fuga para resguardar a integridade física e a sanidade mental.

5 – Pop Star – -Arthur Cintra é um músico que almeja fama e sucesso, mas sua vida parece não correr tão bem e seus sonhos distantes de serem concretizados. Porém, às vezes,  é preciso ir um pouco mais longe para se encontrar o tão almejado sucesso.

6 – Portellas na Estrada -p A cidade de Goiás recebe diariamente turistas e cada um traz consigo histórias que merecem registro. Djalma Araújo esteve conosco, o Coletivo 1º A.v., em entrevista na entrada do IFG-Goiás. Compartilhou experiências de vida e seu atual modo de vida, morando em seu motorhome. Em seus assuntos, ele revelou sobre sua participação como testemunha ocular na história do cinema nacional, e as circunstâncias em que conheceu seu pai, com 70 anos de idade.

7 – Revolução dos Bustos -Na cidade de Goiás, a chegada de um busto traz consigo um destino enigmático, envolvendo Serafim em uma caminhada pelas ruas e praças, em busca da revelação do mistério.

8 – Sujas de Carmim – Duas mulheres de classes sociais diferentes, unidas pela paixão por um cantor brega, viajam do Sul e Centro-Oeste do Brasil até Minas Gerais para homenageá-lo após sua morte.

9 – Tempo Tormento – Cecília é uma jovem escritora que luta contra o vazio emocional causado pela pandemia do Covid-19 e pela perda da namorada. Emily Dickinson, a famosa poeta do século XIX, surge para se tornar uma figura mentora em sua imaginação, inspirando-a a redescobrir sua poesia. Cecília embarca em uma jornada onírica de palavras e memórias.

10 – Yané Kérupi – Mulheres Indígenas Nas Artes – O Brasil inteiro é Terra Indígena, mas diante de um contexto de guerra que se estende há mais de 500 anos contra esses povos, como a arte feita por mulheres indígenas pode transformar esse cenário?

 

MOSTRA DO CINEMA GOIANO

Longas-Metragens

1 – Capim Navalha – Capim Navalha é um documentário de longa-metragem que retrata questões vividas de forma empírica por personagens trans na Chapada dos Veadeiros. Pessoas diferentes entre si, complexas por suas trajetórias retratadas em imagens, sons, territórios corporais, geografia, decoloniais, interseccionais, e suas vivências LGBTQIAPN+. O filme apresenta narrativas de genêro dissidentes, elaborando fricção e alteridade com análise sobre a biopolítica e a necropolítica que permeiam a sociedade nos cis-temas dentro do Centro-Oeste.

2 – Diaspóricas 2 –  A música brasileira é uma mulher negra e o encontro de mulheres em diáspora é capaz de ressignificar as opressões estruturais do racismo e do sexismo. As histórias das musicistas goianas Flávia Carolina, Kesyde Sheilla, Maximira Luciano e Inà Avessa se cruzam em um encontro musical e ancestral inédito para rememorar o passado e pensar um afrofuturo de possibilidade ao povo negro. Elas são terra, fogo e ar que, quando se encontram, tornam-se o movimento das águas para fazer fluir a vida por meio da música.

Granada – O bailarino Dom anda elegante com seu lenço de poá pelas ruas do centro de Goiânia enquanto o diretor Benedito Ferreira segue em seu esforço cotidiano de observação e fotografias da cidade. Uma tentativa de retrato, um breve diálogo e, de repente, os dois se sentam em um bar para conversar. Desse encontro fortuito, nasce uma amizade e um plano para um último e grandioso espetáculo de dança flamenca no Centro-Oeste do Brasil.

Curtas-Metragens

1 – A Chuva do Caju – No coração de um vale escondido nas profundezas do Brasil central, Seu Alvino e Dona Neusa plantam e colhem o que a terra dá, como o cajuzinho do cerrado e o baru. Após mais de dois séculos, o tempo continua passando lento no quilombo Vão de Almas, apesar da seca cada vez mais severa.

 

2 – Aurora Frugum -Cores adulteradas, aromas artificiais e texturas enganosas. Uma experiência subversiva se desenrola, confrontando não apenas a percepção, mas também a moralidade por trás daquilo que consumimos.

 

3 – Mel Tamarindo – Mel Tamarindo é uma peça-filme da Cia. Ju Cata-Histórias criada a partir de três músicas de Siba Veloso. Suas composições trazem uma poética particular nas letras, com traços de humor e sagacidade e um mergulho em importantes tradições populares pernambucanas, como o Maracatu rural, a Ciranda e o Cavalo Marinho. Transitando entre as ideias sobre o tempo, o bicho-gente e a festa, presentes nas músicas escolhidas, os atores Kesley Rocha, Juliana Mado e Vinícius Bolívar, sob a direção de Izabela Nascente, dançam, encenam e transitam entre o universo onírico e o cotidiano.

 

4 – Pirenopolynda – Em Pirenópolis, Goiás, a Festa do Divino acontece há 200 anos. Tita nasceu na pequena cidade e guarda memórias afetivas preciosas sobre a festa. Anos depois, ao revisitar essas memórias, a artista pretende reconstruir e retradicionalizar a festa sob um viés afetivo decolonial.

5 – Sobre a Cabeça os Aviões – A partir do crime que envenenou 92 pessoas em 2013, na Escola Municipal Rural São José do Pontal, em Rio Verde (GO), o curta-metragem revela os impactos da pulverização aérea de agrotóxicos na vida e no futuro de crianças em comunidades do campo em Goiás. Entre o encantamento e o medo, a narrativa é conduzida a partir de seus próprios olhares.

6 – Um Homem Nu – Instigado com um acontecimento em seu bairro, Marcão mata sua curiosidade ao encontrar Jenny, a rainha da latada, que conta a ele sobre sua noite com Gilberto, e a surpresa feita por Primo e Rato.

 

MOSTRA DO CINEMA INDÍGENA E DE POVOS TRADICIONAIS

Longas-Metragens

1 – A Transformação de Canuto

Em uma pequena comunidade Mbyá-Guarani entre o Brasil e a Argentina, todos conhecem o nome Canuto: um homem que muitos anos atrás sofreu a temida transformação em uma onça e depois morreu tragicamente. Agora, um filme está sendo feito para contar a sua história. Por que isso aconteceu com ele? Mas, mais importante, quem na aldeia deveria interpretar o seu papel?

 

2 – Mátria Amada Kalunga – Após a calamidade pública da enchente do Rio Paranã de 2022, 27 mulheres kalunga de Goiás compartilham suas origens e seus cotidianos atuais.

 

3 – Sekhdese- “Sekhdese” significa “sabedoria”, em Yathê, língua do povo Fulni-ô, do Nordeste do Brasil. Sabedoria das mulheres indígenas, expondo a luta pela terra, cultura, meio ambiente e o etnocídio do qual são vítimas, pelas investidas das igrejas neopentecostais.

 

Curtas e Médias-Metragens

1 – Caminhos Ciganos – Os caminhos que levam ao universo romani em três países, Brasil, Portugal e França, são apresentados numa narrativa poética e intimista, inspirada na estética do premiado cineasta cigano Tony Gatlif, diretor de Lacho Drom (1992) e Gadjo Dilo (1997). Em destaque, as culturas ciganas vistas de dentro, valorizando imaginários próprios. A viagem começa com a família de um cineasta da etnia Calon, em Mato Grosso, que corta o Brasil e atravessa o Oceano Atlântico para reencontrar sua ancestralidade, registrando cada comunidade, seus personagens e cotidianos marcantes, nuances de manifestações culturais, modos de vida e tradições romani, como também denúncias de exclusão e perseguição históricas.

 

2 – Meada Cor Kalunga – Assim como dois troncos de raízes fortes do Cerrado, as duas cumades Marta Kalunga e Dirani Kalunga preparam as meadas e o tingimento no quilombo Vão de Almas de Goiás.

 

3 – Nossa Terra – O documentário Nossa Terra é uma jornada pela riqueza cultural e sabedoria ancestral dos agricultores indígenas da etnia Tuyuka, que habitam a região do Rio Negro, na Amazônia. Com mais de 300 variedades de plantas, frutas e vegetais cultivados, eles contribuem fornecendo alimentos saudáveis para uma cidade e mantêm uma relação íntima com a terra e suas tradições. Entre os destaques do filme, estão o “ajuri” e a “capoeira”, trabalho coletivo e processo do roçado, cujo cotidiano gira em torno da mandioca, elemento essencial de sua cultura e subsistência. Reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil, esse sistema agrícola é um testemunho vivo da harmonia dos povos-floresta, mas que está em risco pelos impactos das mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas que degradam o meio ambiente.

 

4 – Pyr – Kokopy prepara o urucum para pintar a família.

 

5 – Tuire, o gesto do facão – A guerreira Tuire relata para o neto Patkore detalhes sobre o lendário gesto do facão na mobilização contra Belo Monte em Altamira.

 

6 – Vãnh gõ tõ Laklãnõ – Uma arqueóloga, um poeta, um pastor e kujá, uma professora e um cantor de rap remontam a história do seu povo, os Laklãnõ/Xokleng, habitantes do sul do Brasil: o tempo do mato, a quase extinção, a retomada da língua e cultura e o protagonismo político.