O forte impacto negativo da invasão dos ambulantes à Região da 44, que se intensificou nos últimos anos, tem gerado um grande temor entre os lojistas do polo confeccionista de queda nas vendas de uma das melhores datas do ano para o comércio: o Dia das Mães.
O presidente da Associação Empresarial da Região da Rua 44 (AER44), Lauro Naves, lembra que em recente levantamento feito junto a lojistas e gestores de galerias e shoppings apontaram para uma estimativa de mais de 2 mil empregos perdidos. “Infelizmente os lojistas estão temerosos com as vendas para essa que é a segunda melhor dada do ano para o nosso comércio, o Dia das Mães. Tudo isso infelizmente em virtude da total inoperância da prefeitura de Goiânia que não consegue fazer o que a lei lhe determina, que é a justa regulação e fiscalização dos logradouros públicos”, critica o líder empresarial.
Lauro alerta que a Prefeitura ao não fazer o seu papel constitucional de fiscalização urbana, além de fomentar uma concorrência desleal entre, quem paga seus impostos, gera empregos e estimula renda; e quem simplesmente invade as ruas vendendo mercadoria de origem duvidosa; está criando um perigoso “barril de pólvora”. “Os ambulantes não só se contentam em ocupar calçadas, eles também obstruem a entrada de lojas, galerias e shoppings, impedindo o trabalho de lojistas. Com isso, nós estamos tendo um clima de grande tensão o tempo todo na 44 e isso está prestes a explodir”, alerta o presidente da AER44.
Trabalhando com vestidos femininos desde de 2016 na Região da 44, o lojista Cássio Lima de Souza afirma que a atuação dos ambulantes no polo confeccionista aumentou significativamente e falta de fiscalização por parte da prefeitura só tem agravado a tensão entre lojistas, donos de galerias e os camelôs. “Está muito complicado trabalhar deste jeito. A nossa expectativa, infelizmente, é de termos uma queda de no mínimo entre 30% e 40%”, reclama.
Sem fiscalização – Atuando há 15 anos na Região da 44 como lojista, no ramo de calçados, Paulo Cezar de André também teme uma queda nas vendas para o Dia das Mães em virtude da concorrência desleal com os ambulantes. “Tem muito lojista que estão não está com boas expectativas, para a data que costuma ser positiva para gente”, diz.
Paulo Cezar afirma que do ano passado para este, o número de ambulantes atuando irregularmente no polo de confecção e moda de Goiânia chegou a um patamar, segundo ele, nunca jamais visto. Ele é mais um dos milhares de pequenos empreendedores da Região da 44 que se sentem totalmente desassistidos pela prefeitura e até mesmo desestimulados a empreender. “Eu mesmo tenho na porta da minha loja quase que uma ‘pequena Feira Hippe’ porque, como não há fiscalização nenhuma, tenho um banca de água de coco, de frutas e outra banca de calçados bem na frente no meu estabelecimento. Hoje, os clientes que chegam à 44, não conseguem entrar nas lojas e nem nos shoppings, porque os ambulantes simplesmente não deixam”, reclama o lojista que sempre registra em suas redes sociais o clima de total desordem no maior polo de moda do Centro-Oeste e um dos maiores do Brasil.
Paulo Cézar diz que para resolver o problema a prefeitura não precisa gastar dinheiro ou fazer qualquer coisa mirabolante, bastando cumprir o que diz a lei. “Se a prefeitura fizesse o que diz o Código Municipal de Posturas, já resolveria este caos que vivemos aquie na Região da 44. Eu mesmo já pensei em expandir minha loja para rua, assim como muitos lojistas estão fazendo, porque você não tem fiscalização alguma. A gente que é um pequeno e micro empreendedor que paga seus impostos, paga aluguel, paga empregado, não consegue enfrentar essa concorrência desleal”, relata.
O lojista diz ainda que a fiscalização, quando há, só tem servido para punir os negócios que atuam dentro das regras. “Ainda sobre questão da concorrência desleal, você tem por exemplo, os restaurantes que pagam imposta, que pagam empregados e que tem que seguir regras sanitária rigorosas, porque se não multados. Mas ao mesmo tempo você tem uma fiscalização totalmente omissão que não faz absolutamente nada contra aqueles que monta verdadeiros restaurantes nas calçadas, sem controle nenhum de higiêne, trazendo, além de problema de saúde pública, atrapalhando ainda mais o fluxo dos pedestres”, lamenta o pequeno empreendedor.
Ambulantes espantam turistas – E a permanência indiscriminada dos ambulantes e sem qualquer fiscalização por parte da prefeitura não está afetando apenas o comércio da Região da 44. Proprietários e gestores de hotéis no polo confeccionista reclamam que a ação do camelôs tem espantado muitos turistas. Quem dá um depoimento nesse sentido é o gerente do Mega Moda Hotel, Galileu Pereira. “Recebemos muitas reclamações pela internet de turistas que ao visitarem a 44, especialmente aquele que vêm pela primeira vez, denunciam que os ambulantes obstruem a entrada do hotel e também a saída de veículos. Isso causa um tumulto muito grande no trânsito e no fluxo de pedestres, que têm dificuldade de chegar e sair do hotel”, denuncia o gerente.
Galileu aponta para outro grave impacto trazido pela atuação indiscriminada dos ambulantes. Segundo ele, os vendedores de alimentos nas ruas trazem um transtorno muito grande. Ele explica que, além da concorrência desleal com o comércio formal, que precisa pagar aluguel e cumprir normas sanitárias rígidas, os ambulantes comercializam produtos sem qualquer procedência e controle. “Aqui no hotel mesmo oferecemos uma alimentação saudável, balanceada, com muitas opções, mas obviamente temos que cumprir regras rigorosas, até porque somos fiscalizados constantemente. Mas já os camelôs vender alimentos sem qualquer controle de normas sanitárias e procedência dos produtos”, questiona o gerente.
O presidente da AER44, Lauro Naves, reiteira as inúmeras reclamações envaidas à prefeitura, por meio da Fiscalização Urbana, mas segundo o líder empresarial a resposta da atual gestão municipal ao maior empregador do estado de Goiás é o total desprezo. “Infelizmente os milhares de micros, pequenos e médios empreendedores de nossa região á própria sorte, sem apoio algum da prefeitura que insiste em fugir do seu papel constitucional de ordenar e fiscalizar o espaço urbano”, critica Lauro.
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