Pesquisadores da   Embrapa  desenvolveram produtos alimentícios usando tilápia , o peixe mais cultivado no País, que podem agregar valor a  cadeia produtiva de alimentos: hidrolisado proteico, salsicha com fibra de abacaxi e patê com fibra de abacaxi e embutido de carne tipo apresuntado. A Embrapa procura parceiros privados para levar os produtos ao mercado consumidor.

 

O trabalho ainda procura aproveitar resíduos da produção, dando sustentabilidade e evitando desperdícios. A cadeia do pescado gera grande volume de resíduos e tem seu crescimento associado a um possível problema ambiental. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a perda na cadeia produtiva do pescado chega a 35%, o que representa o dobro do que é perdido na carne bovina.

Em outra frente, a   empresa sediada no Ceará vem atuando no desenvolvimento de hidrogéis e nanoemulsões a partir da gelatina de tilápia, produtos que podem ser utilizados, pela indústria biomédica, como biocurativos, e também pela indústria de cosméticos. O pesquisador Men de Sá Moreira explica que os produtos apresentam propriedades antioxidantes e potencial de aplicação tópica.

Para se ter uma ideia do que é desprezado, o filé, produto principal da tilápia, representa, aproximadamente, apenas 30% do peixe. Os outros 70% que sobram do processo de filetagem são considerados sem grande valor comercial, sendo utilizados principalmente na fabricação de farinha de peixe e ração.

Os pesquisadores garantem que a intenção da pesquisa é gerar produtos que garantam maior rentabilidade, além de contribuir para a sustentabilidade ambiental. “Utilizando os resíduos do processo de filetagem da tilápia chegamos a um hidrolisado com alto teor proteico e que pode ser amplamente utilizado em diferentes produtos, como alimentos, cosméticos, nutracêuticos e suplementos alimentares.

Produtos da tecnologia do pescado – Patê de tilápia com fibra de abacaxi é preparado a partir de carne mecanicamente separada de tilápia e fibra de abacaxi. É um produto estéril comercialmente quando oferecido em latas mantidas em temperatura ambiente. É de fácil digestão e pode ser oferecido ao público infantil e terceira idade, que necessitam consumir proteína animal e que têm certa rejeição ao pescado inteiro.

O hidrolisado de gelatina de tilápia é altamente proteico; sua principal aplicação é como ingrediente em produtos alimentícios, cosméticos, em cápsulas ou em pó como produto natural, nutracêutico ou suplemento alimentar. Essa categoria de produto é reconhecida por atuar como regenerador dérmico (da pele) e de cartilagens.

O embutido de carne mecanicamente separada de tilápia na forma sólida é do estilo apresuntado. É moldado na forma cilíndrica com filme plástico do tipo cook-in, cozido e conservado sob refrigeração. Pode ser consumido sob a forma fatiada como embutidos do tipo mortadela ou presunto.

Já a salsicha de tilápia com fibra de abacaxi é processada a partir de carne mecanicamente separada (CMS) de tilápia-do-nilo e de farinha de resíduo de abacaxi (FRA), com teor reduzido de sódio e sem utilização de corantes. Trata-se de alimento que pode ser consumido diretamente.