A exposição Matriarcas, da artista Raquel Rocha, montada no Centro Cultural Octo Marques desde maio, realiza, nesta quinta-feira (04/07), às 19h, a Poesia-performance “Abô”, gratuita e aberta ao público em geral. Trata-se de uma representação do preparo e da realização de um banho de ervas segundo a cultura yorubá. A mostra e a apresentação artística são uma realização do Orum Aiyê Quilombo Cultural, com apoio do Governo de Goiás, por meio do Fundo de Arte e Cultura (FAC), operacionalizado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult).

A obra performática é inspirada na série de obras visuais “Orixás entre traços e versos”, que compõem a exposição “As Matriarcas”. A encenação se baseia também na transmutação da palavra para o corpo, a partir do poema de Raquel Rocha, de seu livro homônimo à série de obras em exposição. Desta forma, a performance tem como fonte alimentadora a poesia realizada em homenagem ao Orixá Ossain, o Senhor das Ervas, na qual a artista se desdobra sobre o fazer e o sentir de um banho de erva.

Segundo a artista, a performance, encenada junto de Marcelo Marques,  tem o propósito de aproximar o público desse universo das plantas medicinais, que também são utilizadas na cultura yorubá para a cura espiritual. Ervas que por vezes estão acessíveis no jardim das casas, nas calçadas das ruas, mas que não estão mais no conhecimento de muitos devido a esse afastamento de uma cultura ancestral. “Todo o universo místico que é construído vinculado à produção desse banho de erva, que em yoruba se chama ‘Abô’, busca trazer as pessoas que observam para um universo ritualístico de reencontro com nossa ancestralidade preta, que devido ao racismo religioso sofreu um grande afastamento do uso das ervas para a cura do corpo e limpeza espiritual”, frisa Raquel.

Exposição “As Matriarcas” – Com a curadoria de Divino Sobral, as pinturas feitas em cestas de palha, ornadas com 16 búzios, fazem referência ao jogo do merindilogun, conhecido como jogo de búzios, desenvolvido pelas Mães de Santo no Brasil. Estes são os trabalhos que  integram a exposição “As Matriarcas”, da artista visual goiana Raquel Rocha. A artista, também candomblecista iniciada há sete anos, expressa por meio do trabalho artístico a importância das matriarcas do Candomblé na manutenção histórica cultural dos negros no Brasil. A exposição está montada na galeria Sebastião dos Reis e segue até o dia 14 de julho.