Segundo o Censo de Moradia QuintoAndar, realizado em parceria com o Instituto Datafolha, o quarto é o cômodo favorito dos brasileiros em suas moradias. O cômodo, escolhido por 42% dos entrevistados, está à frente da sala de estar (26%) e cozinha (9%). Baseado em entrevistas feitas com 3.186 pessoas com mais de 21 anos, presencialmente, em todas as regiões do país, o estudo sobre o morar no Brasil, que traz informações sobre o mercado residencial com dados sobre caracterização dos domicílios, planejamento financeiro, além de hábitos, lifestyle, desejos e anseios da população, mostrou ainda que a casa própria é um sonho de 87% dos brasileiros.
Mas, embora seja o cômodo predileto, na hora de atribuir nota para a decoração, os brasileiros não estão tão satisfeitos. O espaço recebeu nota de 6,9 – a mais baixa da pesquisa. Mas essa é uma situação que pode ser alterada, conforme explica a arquiteta e urbanista Deborah Rios. Seja de qualquer medida, ela garante que é possível criar um ambiente agradável aos olhos sem perder a função de ser um cômodo voltado para o descanso e relaxamento.
“O quarto deve, acima de tudo, ser um ambiente propício para adormecer, relaxar e descansar, para isso através tanto de cores, texturas, iluminação, temperatura. Esses fatores influenciam para criar esse ambiente”, afirma Deborah, que deixa dicas úteis para quem deseja tornar o ambiente o quarto dos sonhos.
Funcionalidade – Embora o objetivo seja a estética, não se pode abrir mão da funcionalidade, orienta Deborah, para evitar que o quarto seja ocupado por elementos que não tornam a sua rotina mais prática e se tornar uma fonte de descontentamento. “Todos os elementos de um quarto devem ser pensados em conjunto e isso envolve desde o posicionamento da cama para não comprometer o seu acesso e impactar na hora de trocar o lençol, bem como atrapalhar a passagem de circulação”, aponta.
Uma cama muito alta pode ser bonita mas, dependendo da metragem do quarto, acaba enchendo e desequilibrando o ambiente, enumera Deborah, que acrescenta: “dependendo da altura dos usuários, pode ainda se tornar desconfortável.” Outro item que ela percebe ser fonte de arrependimento frequente é investir muito em prateleiras decorativas. “Elas acabam sendo um lugar de difícil acesso para limpar e acaba acumulando poeira”, diz. A boa dica é investir em móveis com múltipla função, como um recamier, ao pé da cama. “Você pode, além de sentar e trocar um sapato, guardar lençóis, cobertores, travesseiros”, sugere.
Iluminação – Para deixar o dormitório mais aconchegante, aposte na boa iluminação. “Seja ela artificial ou natural, deixa o ambiente mais acolhedor, onde você pode abrir as portas ou janelas e conseguir ter uma uma renovação do ar, com bastante ventilação”, observa Déborah. Ainda acerca do controle de luminosidade, ela sugere uma cortina blackout. “Além de controlar a entrada de luz conforme a necessidade e gosto do cliente, faz com que a qualidade do sono melhore”, indica. Se o quarto é compartilhado, aposte em pendentes ou abajures individuais. “Para atender a um casal, em que um deles quer dormir e o outro quer ler um livro, este é um ótimo recurso para conciliar as situações sem tirar o conforto de um deles”, salienta.
Para a indução do sono, ainda de acordo com a arquiteta, a recomendação é utilizar lâmpadas com temperaturas de 3000K. “Por ser uma temperatura mais quente, que assemelha a luz natural do sol, ela ajuda o organismo a entrar no modo de relaxamento e adormecer com mais facilidade”, enfatiza.
Tecnologias – Deborah Rios lembra que hoje as pessoas querem estar conectadas a todo momento, ou usam o smartphone na função de despertador, ou querem simplesmente carregar o aparelho enquanto descansam. Por isso, é importante lembrar de instalar tomadas USBs e lâmpadas inteligentes, com conectividade ao Wi-Fi no recinto. Já no caso de pessoas que optam por ter uma televisão no quarto, a arquiteta reforça que o seu local ideal é em frente à cama. “Em muitos casos, por exemplo, onde é inviável inserir uma televisão num projeto de um quarto porque a cama ou armário fica em frente à uma janela, podemos usar artifícios como colocar a televisão no teto ou embutida dentro do armário”, diz.
Cuidado com as cores – Dentre os principais erros cometidos em relação à decoração do quarto, Deborah Rios menciona o uso de cores muito vibrantes. O ideal é trabalhar tons mais neutros nos elementos fixos como o mobiliário, deixando as cores mais vibrantes para os acessórios, como as almofadas, o jogo de cama, o papel de parede ou as cortinas. “Assim, fica mais fácil fazer mudanças quando se cansar delas”, enfatiza.
Quartos infantis– Deborah pontua que nesta fase, o ideal é trabalhar o mobiliário solto para que o ambiente se adeque às mudanças rápidas que acontecerão com o crescimento da criança. “A gente vê muito muito móveis planejados em quartos de crianças, mas quanto mais liberdade a gente tiver para modular, melhor. Quando o bebezinho é bem pequeno, a gente costuma fazer o uso da cama auxiliar, que nessa fase funciona como um sofazinho para as visitas ou uma cama para a babá. Com o passar dos anos, essa cama pode se tornar a cama da própria criança”, descreve.
Outra sugestão apontada pela arquiteta é encostar os móveis na parede, para deixar mais espaço livre para a criançada engatinhar e brincar. “Além de esteticamente mais bonito, conseguimos ter um espaço livre maior para acomodar as brincadeiras e brinquedos. E quando a criança for crescendo, os móveis devem crescer junto, como é o caso das mesinhas infantis, que possuem uma altura padrão de 75 centímetros. Neste caso, uma boa pedida são os móveis modulados, que ajustam a altura, ou então trabalhar uma altura mediana, de 60 centímetros, que atende desde crianças em idade pré-alfabéticas a até em torno de 12 anos”, conclui.
Leave A Comment