A nutricionista e ativista alimentar Bruna Crioula, fundadora da Crioula Curadoria Alimentar, acaba de lançar a 3a edição do curso online Mato é Comida? Conheça as PANC ancestrais. O conteúdo apresentado entre nos dias 13, 14 (19h às 22h) e 15 de março (9h às 11h) une nutrição e identidade alimentar (confira valores e condições ao final do release). Voltado para quem deseja ter uma relação consciente e crítica com a alimentação, o curso mergulha na história, nos saberes ancestrais e na potência dos alimentos da afrodiáspora que dialogam com a sustentabilidade, a diversidade cultural e a autonomia alimentar. A proposta apresenta um olhar crítico sobre a relação entre comida, território e ancestralidade, valorizando ingredientes e práticas que atravessaram gerações. As inscrições podem ser feita pelo site Mato é Comida? Conheça as PANC ancestrais.
“O sistema alimentar brasileiro foi construído a partir do racismo, onde os alimentos disponíveis e a segurança alimentar estavam diretamente ligados às classes sociais e à cor de quem se alimentava. Os efeitos da colonialidade nos sistemas alimentares vêm da colonização e muitos alimentos foram marginalizados nesse processo. Esse curso é um reencontro à ancestralidade africana”, destaca Bruna Crioula, que optou pela modalidade online para democratizar o acesso à informação sobre o tema com a redução de custos da produção de conteúdo, tornando-o mais acessível.
Metodologia – Fundamentada nos princípios da circularidade e da “gira”, difundida por Nêgo Bispo, essa abordagem entende que o aprendizado é um movimento contínuo e coletivo, onde todos compartilham e constroem saberes em ciclos. As aulas combinam reflexões teóricas, trocas de histórias e uma oficina culinária prática, organizadas para promover a conexão entre os participantes e o reconhecimento de suas vivências.
Todo o material de apoio (leituras, receitas, lista de ingredientes) será disponibilizado previamente, reforçando a autonomia dos participantes e permitindo que tragam suas perspectivas para a roda de aprendizagem. A interação se dá em formato de diálogo horizontal, valorizando as contribuições individuais como parte essencial do processo comunitário e decolonial.
Programação – Módulo 1: Comida é Memória e Resistência – Reflexão sobre alimentação, colonialidade e introdução às Plantas Alimentícias Não Colonizadas
Módulo 2: Histórias Vivas: A Conexão entre Plantas e Povos
Módulo 3: Sustentabilidade e Autonomia – Práticas de valorização de plantas não colonizadas
Módulo 4: Reflexão e Diálogos – Discussões práticas e aplicáveis ao cotidiano
MÓDULO EXTRA: Oficina Culinária Online – lembretes culinários e experiências práticas na culinária
Não Convencionais pra quem? – “Em 2015, conheci o Nêgo Bispo na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, durante uma atividade sobre cultura alimentar. Na época, eu já trabalhava com Plantas Alimentícias Não Convencionais e me apresentei assim. No meio da fala, Nêgo Bispo me interrompeu e me corrigiu: ‘Você trabalha com Plantas Alimentícias Não Colonizadas’. Naquele momento, eu ainda não compreendia a profundidade dessa afirmação. Foi só com o tempo, vivenciando essa jornada de afro-referenciar minha prática e meus pensamentos, que entendi o impacto desse conceito. Percebi que a ideia de não convencionalidade tem limites e que o afastamento da comida de verdade nos distancia de um conhecimento mais amplo e profundo sobre as possibilidades alimentícias”, reflete Bruna Crioula.
Esse curso é um convite para uma jornada de confluências e destraves, onde a comida deixa de ser só nutriente e passa a ser um ato ancestral, cultural e de cuidado cósmico”, destaca.
Quem é Bruna Crioula? – Mulher africana em diáspora no Brasil. Nutricionista ecológica e Mestra em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos. Pesquisadora e comunicadora alimentar, atua há mais de uma década com a valorização da sociobiodiversidade alimentar brasileira numa perspectiva afro-referenciada e contracolonialista. É matrigestora da Crioula Curadoria Alimentar – ecossistema criativo comprometido com a democratização de conhecimentos sobre alimentação saudável, ancestralidade africana e cultura regenerativa. Atualmente é líder em Sistemas Alimentares Sustentáveis no WWF Brasil.
Crioula Curadoria Alimentar – O curso possui certificação de 9 horas pela *ESCOLACrioula* – ancestralidade alimentar, uma das iniciativas da Crioula Curadoria Alimentar – ecossistema criativo que desenvolve soluções ancestrais e ecológicas para sistemas alimentares. Ecossistema criativo, protagonizado por mulheres negras, comprometido com a criação de soluções ecológicas e ancestrais em sistemas alimentares. A Crioula acredita que pessoas negras merecem desfrutar da saúde, bem estar e qualidade de vida que uma alimentação afroancestral pode oferecer. Por meio de processo de curadoria alimentar a Crioula democratiza conhecimentos sobre alimentação numa afroperspectiva assim como desenvolve/promove espaços educacionais para letramento alimentar racializado por meio de um ecossistema cooperativo/colaborativo que fortalece o ativismo alimentar para o combate ao nutricídio.
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