Apesar de ser prevenível e curável, a tuberculose continua sendo uma das doenças infecciosas mais mortais do mundo. Levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) através do Instituto Gonzalo Muniz, na Bahia, divulgado em fevereiro, aponta que as atuais políticas públicas do Brasil não serão suficientes para que o país atinja as metas fixadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) voltadas para a eliminação da tuberculose. Em 2023, o Brasil registrou 39,8 casos de tuberculose por 100 mil habitantes. As projeções do estudo indicam que, até 2030, a incidência será ainda maior: 42,1 por 100 mil pessoas.
Os dados acendem sinal de alerta em Goiás e fazem a Secretaria de Estado da Saúde (SES), realizar no dia 24 de março o Dia “D” de combate à tuberculose. A data reforça a importância do combate à doença que ainda representa um desafio para a saúde pública. Na ocasião, será lançada a Campanha “Tuberculose: Tem prevenção, tem tratamento e tem cura” nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Noroeste (às 8h30) e Itaipu (às 14h), em Goiânia, com ações de conscientização e atendimento à população, uma parceria entre a SES e a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia.
Para o pneumologista Guylherme Saraiva, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, várias questões levam a este cenário. ‘‘Nos últimos anos, o aumento dos números de tuberculose no Brasil pode ser atribuído a uma combinação de fatores estruturais, sociais e sanitários, agravados por eventos recentes, como por exemplo a pandemia de Covid-19. Durante a pandemia, por exemplo, houve um redirecionamento de esforços e recursos, interrupção de vários serviços, além de subnotificação’’.
O coordenador do Programa Estadual de Controle da Tuberculose e Micobactérias não Tuberculosas da Subsecretaria de Vigilância em Saúde (Suvisa) da SES, Emílio Alves Miranda, ressalta que a doença ainda é um desafio para a saúde pública. “Temos avançado na adesão dos profissionais de saúde para o diagnóstico da doença por meio das capacitações realizadas nos municípios. O diagnóstico e a adesão do paciente ao tratamento são essenciais para reduzirmos o número de casos e óbitos em Goiás”, reforça Emílio.
Tratamento gratuito na rede do SUS – O diagnóstico da tuberculose é realizado por meio da avaliação dos sintomas, exames laboratoriais, coleta de escarro e exames de imagem, todos disponibilizados gratuitamente na rede pública de saúde. Pessoas com sintomas devem procurar a unidade básica de saúde mais próxima para avaliação clínica, realização de exames diagnósticos e início do tratamento, caso necessário. Profissionais de saúde e a população devem estar atentos aos sintomas respiratórios, que podem ser semelhantes aos de outras doenças respiratórias comuns no período, como a Covid-19 e Influenza.
Apesar da gravidade, a tuberculose tem cura. O tratamento é gratuito e fornecido pelo SUS, com duração mínima de seis meses, dependendo da forma clínica da doença. A adesão ao tratamento é fundamental, pois sua interrupção pode prejudicar tanto o paciente quanto a saúde pública, aumentando o risco de transmissão e o desenvolvimento de resistência aos medicamentos.
A doença – A tuberculose é causada por um bacilo que afeta principalmente os pulmões e pode se agravar, levando, inclusive, ao óbito. Quando não diagnosticada precocemente e tratada adequadamente, a doença pode evoluir para diversas complicações, resultando em internação hospitalar, perda da produtividade econômica e comprometimento da renda familiar devido aos custos com o tratamento, podendo, em alguns casos, levar à morte. Em Goiás foram registrados 90 óbitos em 2021, 116 óbitos em 2022, 103 óbitos em 2023, 106 óbitos em 2024, e neste ano nenhum óbito foi registrado.
A transmissão ocorre por via respiratória, por meio da inalação de aerossóis produzidos pela tosse, espirro ou fala de pessoas infectadas que não estão em tratamento. Os principais sintomas incluem tosse persistente, com ou sem catarro, perda acentuada de peso, febre no período da tarde e suor excessivo à noite. A vacinação com a BCG ajuda a prevenir formas graves da doença, mas não garante 100% de eficácia na prevenção da tuberculose pulmonar. No calendário vacinal, a BCG é destinada a crianças de 0 a 4 anos, 11 meses e 29 dias. Para adultos, a prevenção ocorre por meio do tratamento da infecção latente, quando a doença ainda não se manifestou.
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