A importância da amamentação para o pleno desenvolvimento das crianças é tema da campanha Agosto Dourado, criada em 1992 pela OMS em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. Unidades de saúde pública da capital e interior realizam ao longo do mês  uma série de rodas de conversa em Unidades Básicas de Saúde da Família com o objetivo de estimular a amamentação na atenção básica de saúde e fortalecer o vínculo entre mãe e filho.

No Brasil, há 45,8% de aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses, 52,1% aos 12 meses e 35,5% aos 24 meses de vida. Os números são positivos, mas ainda estão aquém da meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) até 2030: 70% de amamentação na primeira hora de vida, 70% exclusivamente nos primeiros seis meses, 80% no primeiro ano e 60% aos dois anos.

A pediatra Stephânia Laudares  destaca que a amamentação já era uma informação de domínio público, mas foi favorecida com o advento da Covid-19. “Acredito que depois que a pandemia a conscientização aumentou, as pessoas começaram a entender a importância do aleitamento materno na imunidade e proteção contra doenças na infância. Acredito que exista uma crescente preocupação de estimular o aleitamento materno”, destaca.

Para aumentar a proteção de mãe e bebê, a especialista fala sobre as vacinas. “Durante o período de lactação, ou seja, enquanto a mãe estiver amamentando ela pode e deve ser vacinada contra Covid-19, o vírus influenza, que é a vacina da gripe, entre outras vacinas, pois assim ela consegue a confecção de anticorpos e, consequentemente, proteger o seu filho através da amamentação, com a passagem de anticorpos pelo leite materno”, afirma.

Segundo a médica, as mulheres que estiverem doentes devem continuar amamentando, mas com certos cuidados. “Nas mães contaminadas com a Covid-19 ou outras viroses respiratórias o aleitamento materno não precisa ser interrompido. É importante que a mãe amamente a criança sempre de máscara, preferencialmente a N95, mas pelo menos a máscara cirúrgica, e que a mãe sempre higienize bem as mãos com água e sabão antes de amamentar e manipular a criança. Além disso, quando a mãe não estiver amamentando é importante que se mantenha uma distância de dois metros da criança”, aconselha.

As vantagens da amamentação são várias e Stephânia Laudares elenca algumas delas. “O leite materno é o alimento mais completo, garante calorias, proteína, todos os micro e macro nutrientes necessários para crescimento e desenvolvimento da criança, tanto do ponto de vista físico, quanto neurológico. Além disso, através do aleitamento materno é possível que a mãe proteja a criança contra doenças comuns, por exemplo, virais, parasitárias, principalmente nos primeiros seis meses de vida pela passagem de anticorpos”, destaca.

Os benefícios também se estendem pelos anos. “É comprovado que a longo prazo o aleitamento materno diminui ou tem contribuição na menor chance de obesidade no futuro e síndromes metabólicas como, por exemplo, o aumento do colesterol e triglicérides, a hipertensão e a diabetes. Diminui o risco de alergias, especialmente as respiratórias, e até tem um papel na alergia alimentar. O ato de ser amamentado ao seio materno também favorece o adequado desenvolvimento da musculatura da face, da cavidade oral e toda essa anatomia da região”, ressalta a pediatra.

As mamães também se beneficiam ao amamentarem. “Ajuda na redução da incidência de tumores malignos, como câncer de mama e de ovário. Além disso, também contribui, por exemplo, para perda de peso e calórica. Porque durante a amamentação, para produção de leite, a taxa de metabolismo aumenta muito e a mãe, consequentemente, acaba podendo perder peso por isso”, detalha Stephânia Laudares. “O aleitamento materno também pode aumentar e estreitar o vínculo e os laços afetivos entre mãe e bebê”, completa a médica.