Uma expedição de cunho científico começa hoje, 22 de março, Dia Mundial da Água a preparar diagnóstico  sobre a atual situação do rio Meia Ponte, considerado a principal fonte de abastecimento de água potável da capital. Idealizadora do projeto a vereadora Kátia Maria (PT) explicou que o  objetivo é apresentar, ao final, um documento, a Carta das Águas do Meia Ponte, para nortear a Câmara Municipal da capital e os gestores públicos estaduais e municipais em relação às ações que devem ser tomadas para preservação e o uso sustentável do rio.

A ação começa pela Estação de Tratamento de Água Engenheiro Rodolfo José da Costa e Silva (ETA Meia Ponte), no Bairro Floresta, em Goiânia. Duas equipes realizam a atividade: uma por terra e outra embarcada, descendo o rio, para observar e identificar pontos de degradação, assoreamento, poluição, descarte irregular de lixo e de esgoto, ocupação e desmatamento indevido das margens, qualidade da água e condições da fauna e da flora.

O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona.

Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.

De hoje até o dia 27 de março, pesquisadores e entidades parceiras percorrerão 40 quilômetros de extensão do rio no perímetro urbano de Goiânia, com início na Região Noroeste até o Parque Atheneu, na Região Leste. As atividades buscam a conservação e preservação do curso d’água. Em parceria com órgãos e entidades como Saneago, Universidade Federal de Goiás (UFG), Instituto Federal de Goiás (IFG), Secretarias Estadual e Municipal de Meio Ambiente e Centro de Zoonoses.

“A expedição não tem caráter fiscalizatório ou punitivo, mas sim científico. O objetivo é apresentar, ao final, um documento, a Carta das Águas do Meia Ponte, que possa nortear a própria Câmara e os gestores públicos estaduais e municipais em relação às ações que devem ser tomadas para preservação e o uso sustentável do rio”, disse a vereadora.