Tempo para estar com os filhos tem sido uma demanda das famílias nos últimos anos. A tradicional jornada de 44 anos limita as horas do dia para a atenção com todas as necessidades das crianças: tarefas, saúde, orientações diversas.

Essa era a angústia de Luciana Mendes, mãe de  três filhos nas idades de 18, 15 e 7. Até dois anos atrás, ela era garçonete. Trabalhava de 16h30 a 00h30 todos os dias, inclusive nos finais de semana, no período vespertino e noturno, e isso comprometia sua convivência familiar.  Esse foi um dos motivos pelo qual ela arriscou mudar de trabalho, tornando-se corretora de imóveis. A nova atividade, na qual o profissional faz os próprios horários, lhe deu a flexibilidade que tanto precisava.

“Hoje, se minha filha tem uma necessidade de ir ao médico, por exemplo, eu posso fazer o meu horário, remarcar um plantão para acompanhá-la. Se tem uma reunião na escola eu posso fazer desse mesmo jeito. Antes eu não podia fazer isso”, comenta a profissional.

E ela não está sozinha. Nos últimos anos a presença feminina na corretagem de imóveis aumentou expressivamente. Segundo dados do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do estado de Goiás (Creci-GO), o número de corretoras aumentou 98,7%, no período de 2013 (4.800) a 2023 (9.538). Deste número, parte são mulheres que são mães, que escolheram a profissão por conta dos benefícios que a profissão oferece, acredita a especialista em recursos humanos do Grupo URBS, Ana Cláudia Salatiel.

“Embora o mercado imobiliário ainda seja predominantemente masculino, tem crescido muito a adesão de mulheres pela carreira, especialmente as mães porque a atividade permite a flexibilidade, além dos bons ganhos com as comissões de vendas”, diz.  “A minha primeira comissão foi referente a 6 meses de trabalho onde eu trabalhava e a comissão da minha última venda é equivalente a um ano de trabalho”, revela a corretora de imóveis.

Débora Cristina Dias foi outra profissional que também entrou no mercado imobiliário para ter mais tempo com os filhos. Ela também tem três filhos, de 18, 16 e 6, e dedicava-se à advocacia. Há dois anos e meio, decidiu trocar de profissão por conta da rotina estressante e a falta de tempo. “Eu estava descontente com a área O trabalho me consumia muito”.

Atualmente, ela é gerente da agência URBS Opportunity e seu status é: apaixonada por este trabalho. Débora comenta que a profissão de corretor de imóveis também trouxe vários benefícios que proporcionam mais momentos de lazer com os filhos. “Hoje consigo conciliar melhor minhas tarefas do trabalho com a família”, revela.

A especialista em recursos humanos, Ana Cláudia Salatiel, diz ainda que não é somente as mães que ganham em migrar para o mercado imobiliário, mas a empresa também sente os benefícios de tê-las na equipe de corretores de imóveis parceiros. “As mães normalmente são  profissionais muito empáticas. Elas acabam sendo mais pacientes, cuidadosas, resilientes, porque estas são competências que ela desenvolve no maternar, né? E isso contribui pros atendimentos. O profissional de vendas que tem essas competências têm mais facilidade para vender”, arremata.