O Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde, em 2020, foram registrados nos sistemas oficiais 31.395 acidentes com serpentes, dos quais 121 levaram as vítimas ao óbito. A jararaca é responsável por 70% dos acidentes; seguida da cascavel, cerca de 9%; surucucu 1,5% e coral verdadeira com menos de 1% dos registros.

Os venenos de cobra são evolutivamente adaptados para matar presas rapidamente. Em humanos e animais, isso pode precipitar doenças multiorgânicas ou multissistêmicas que podem causar, dependendo da espécie e da classe de toxina, hemorragia, paralisia neuromuscular, necrose, colapso muscular generalizado, cardiotoxicidade, lesão renal aguda, choque hipovolêmico e outros efeitos.

Em Goiás a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), disponibiliza um serviço de utilidade pública para orientações às pessoas atingidas por picadas de cobra e aos profissionais de saúde. O Centro de Informações e Assistência Toxicológica de Goiás (Ciatox-GO) atualiza as equipes responsáveis pela assistência, vigilância epidemiológica e prevenção por meio de cursos realizados em caráter de rotina e distribui o soro antiofídico fornecido pelo Ministério da Saúde (MS) às unidades de saúde estratégicas e especializadas localizadas em municípios das 18 regionais de saúde no estado.
 No estado, conforme registros da Secretaria da Saúde, entre os anos de 2020 e 2022 foram 4.306 pessoas vítimas de envenenamento por picadas de cobra. No país, dados do Ministério da Saúde revelam que a cada ano mais de 30 mil pessoas sofrem acidentes causados por serpentes. O número sobre para cerca de 2,7 milhões de pessoas na estatística mundial.
Médica veterinária do Ciatox-GO, Veruska Castilho de Oliveira Neve destaca que em Goiás o problema afeta, na grande maioria, os trabalhadores rurais. Ela explica que o atendimento rápido para evitar a gravidade do envenenamento é fundamental. E enfatiza que, muitas vezes, as crenças tradicionais ou populares, cultivadas pelas pessoas em geral, contribuem para a demora na assistência.
As orientações às vítimas ou familiares são: lavar o local da picada com água e sabão, ir imediatamente a um serviço de saúde, jamais usar garrotes na região afetada, conduzir a pessoa até a unidade de saúde em repouso e, ainda, tirar foto ou descrever as características do animal agressor para que ele seja identificado e seja administrado o soro específico, caso necessário.
Em Goiás, as 18 Regionais de Saúde recebem os diversos tipos de soro antiveneno a serem enviados aos municípios adscritos. Em todos os municípios polo existem unidades de referência dotadas de insumos, equipamentos e profissionais habilitados.  O paciente deve ser levado à unidade mais próxima do seu domicílio. Caso a unidade não tenha o soro antiofídico, a equipe de profissionais providenciará o soro para a unidade de saúde ou encaminhará o paciente até a unidade de referência.
Atualmente a equipe do Ciatox-GO está em planejamento, visando o redimensionamento da distribuição dos diversos tipos de soro antiveneno e fortalecimento das ações de educação permanente para as equipes das unidades de saúde. Essa força tarefa tem como objetivo qualificar a oferta deste serviço para que possa atender, em tempo oportuno, cada uma das 18 Regiões de Saúde do Estado, a partir das necessidades sanitárias da população.
Medidas preventivas: Evitar os 4 As
1 – Acesso
Vedar frestas de portas, janelas, tapar buracos ou rachaduras em paredes.
2 – Abrigo
– Manter a casa e as áreas ao redor limpas (lixo e entulhos podem servir de abrigo e até proliferação destes animais)
– Examinar calçados, cestos, balaios.
– Não colocar a mão em buracos e sempre utilizar botas ou perneiras e luvas de couro ou de raspa ao adentrar em locais de matas, ao praticar jardinagem e horticultura.
3 – Alimento
– As serpentes vão aonde existe alimento para elas (celeiros, paióis, ratos e cobras).
– Redobrar cuidados para questões de higiene e limpeza dentro e fora das residências, não jogar nem permitir que joguem lixo em lotes baldios.
4 – Água
– Algumas serpentes podem ser encontradas em locais próximos a riachos (jararacas), outras preferem se esconder em buracos e folhagens e troncos de árvores.
Não manipule serpentes: é perigoso. Matar e maltratar é crime ambiental! Elas têm importância ecológica e seu equilíbrio acontece naturalmente. Caso se depare com esse animal em área urbana, acione o Corpo de Bombeiros no telefone 193.