No Fórum de Governadores do Brasil Central, realizado nesta sexta-feira, em Rio Quente, para discutir problemas que afetam os estados do grupo o governador Ronaldo Caiado destacou que o fortalecimento do Desenvolvimento Regional, pensado por políticos brasileiros da envergadura de Juscelino Kubitschek e Ulysses Guimarães, a fim de garantir igualdade de oportunidades aos quatro cantos do Brasil, pode ser rompido com a aprovação precipitada do atual texto da Reforma Tributária.

O evento, promovido pelo Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central (BrC), discutiu temas fundamentais para o desenvolvimento da região e que, ao mesmo tempo, movimentam a pauta nacional. Foram quatro painéis: Brasil Central: Oportunidades e Desafios; Reforma Tributária: Impactos na região do Brasil Central; Segurança Pública: Protocolo de Intenções; e Marco Temporal: Direito à Propriedade.

Com 21 senadores e 75 deputados no Congresso Nacional, o BrC representa cerca de 27 milhões de brasileiros em seus 2,5 milhões de quilômetros quadrados de território, abrangendo 875 municípios. Essa aliança é responsável por 12,56% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, demonstrando sua relevância no cenário nacional.

“Peço, neste momento que estamos discutindo grandes reformas, que tenhamos a sensibilidade de entender que Ulysses Guimarães buscou na Constituinte os desenvolvimentos regionais”, argumentou Caiado, ao reiterar crítica à alíquota do novo imposto sobre o valor agregado (IVA), que deve variar entre 20,03% e 30,7%.

Imagina poder botar uma alíquota única no Brasil, do Amapá até o Rio Grande do Sul, com situações totalmente heterogêneas, diferentes, peculiares do seu dia a dia”, alertou. “A simplificação, nós queremos”, esclareceu. É necessário, porém, “ter a capacidade de cada governador buscar uma independência. Nós fomos eleitos pelo voto. Não para receber receita de quem não sabe os problemas reais que nós estamos passando”, criticou Caiado.

O posicionamento de Caiado foi validado pelos demais governadores. Na avaliação de Ibaneis Rocha, do Distrito Federal, a Reforma Tributária não está pronta para ser votada e ainda carece de diálogo com os senadores, no sentido de ter o menor impacto possível nas contas. “O Distrito Federal vive uma situação diferente dos demais estados do Centro-Oeste. A gente tem uma expectativa de aumento na arrecadação, mas isso tudo tem de ser debatido com todos os governadores, porque não existe uma reforma que vai beneficiar um estado e prejudicar os demais”, alegou.
O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, frisou que essa luta precisa ecoar na voz de todos os líderes de Executivo, uma vez que serão impactados, ainda que de formas distintas. “A preocupação de Caiado não pode ser só sua. Todos têm indústrias, setor que produz, turismo, empresários”, observou. “Temos uma regra de transição que vai até 2032. E o governo do Caiado termina em 2026, então é uma preocupação de coerência, de respeito com o estado e de cuidado. É a mesma preocupação que nós temos”, finalizou.